In Diário de Notícias (12/8/2010)
por DANIEL LAM
«Junta de Freguesia de S. Nicolau exige suspensão do novo plano de circulação rodoviária na Baixa pombalina.
O presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, António Manuel, enviou ontem um ofício ao vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Fernando Nunes da Silva, propondo a suspensão do novo plano de mobilidade da Baixa - previsto para entrar em vigor em Setembro - porque "aumenta o tráfego e a poluição na zona, inviabilizando o processo de repovoamento". O vereador garante que "não vai haver mais trânsito".
"O novo plano de mobilidade para a Baixa dá preferência ao tráfego automóvel em detrimento dos peões e dos moradores", disse ao DN o autarca da Freguesia de S. Nicolau. Salienta que "o aumento do trânsito faz subir os níveis de poluição, que na área da Baixa já ultrapassam os limites admissíveis para zonas residenciais, segundo dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo. Assim, põe em causa o plano de reabilitação e urbanização da Baixa, que procura trazer mais moradores e melhorar a qualidade do ar".
António Manuel contesta principalmente a parte relativa à Rua da Conceição, que tem actualmente tráfego automóvel apenas no sentido da Sé para o Chiado. "O novo plano de mobilidade pretende abrir também a circulação automóvel no sentido inverso, o que fará aumentar o trânsito na Baixa."
Na sua opinião, "também coloca em risco a segurança dos peões, porque os passeios na Rua da Conceição são muito estreitos e por vezes as pessoas têm de andar na estrada. Até já houve acidentes ali".
Salienta que nesta rua "há grande fluxo pedonal, por ser bastante residencial e com grande actividade comercial, com lojas de retrosarias e restaurantes" (ver caixa).
"O plano de mobilidade deve ser parte integrante do plano de reabilitação urbana da Baixa e não colidir com ele nem prejudicar os seus objectivos", adverte o presidente da junta de freguesia.
O autarca discorda também do ponto do plano que pretende "desviar parte dos transportes colectivos da Rua do Arsenal para a Avenida da Ribeira das Naus, que já é o eixo da Baixa mais carregado de tráfego, com cerca de 160 mil veículos por dia".
Por tudo isto, António Manuel propõe "a suspensão do plano, até serem criadas as condições de funcionamento das estruturas circulares que desviem e impeçam o tráfego na Baixa, sejam construídos os parques de estacionamento previstos e se dedique o espaço público aos peões aos transportes de proximidade". Em suma, "que se acabe com todo o trânsito na Baixa, que passaria a ser toda pedonal", conclui António Manuel.
O vereador Fernando Nunes da Silva considera "estranha esta posição, porque o presidente da junta nunca se opôs a este plano, que tem estado a ser discutido desde Novembro de 2009".
O autarca garante ao DN que a Rua da Conceição "até vai ter menos tráfego, porque deixa de receber trânsito das ruas do Ouro e da Prata com destino ao Chiado. Com o novo plano, essas viragens não são permitidas e passam a ser feitas para a Rua do Comércio, que é mais larga e tem menos lojas".
Adianta que a Rua da Conceição "passa a servir apenas para atravessar a Baixa entre a Sé e o Chiado" e vice-versa, prevendo-se que o tráfego actual nesta artéria, "de 220 a 250 veículos por hora, reduza para 125 veículos por hora".
De acordo com o mesmo responsável, "nos últimos dois anos, o tráfego na Baixa já diminuiu cerca de 45%. Ao fim deste período, podemos concluir que ali só circula o trânsito necessário ao funcionamento da Baixa. Tudo o que era para sair já saiu".
Em Junho, o plano de circulação rodoviária "foi aprovado em reunião de câmara e entra em vigor em Setembro", conclui o vereador.»
...
Há muito que a Rua da Conceição devia ser só eléctricos e veículos prioritários, a do Crucifixo para peões, etc., etc. Na Baixa o problema é a montante, que é como quem diz ao nível do Marquês de Pombal. Depois, é preciso coragem e não andar como até agora "un pasito adelante, dos pasitos para atras".
12/08/2010
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3 comentários:
Pois é parece que o vereador da mobilidade não terá sido muito bem escolhido, nota-se claramente que tem um problema no eixo da transmissão visto que engata demasiadas vezes na mudança ACP e auto-esclerose...
Um mandato claro por parte dos Lisboetas merecia medidas mais corajosas em termos de mobildiade e não os recuos a que temos assistido.
Talvez ninguém concordará, mas a recuperação da Baixa a curto-médio (ou até mesmo longo) prazo NÃO passa pela habitação. Vai-se aos centros históricos das grandes cidades europeias e porta-sim porta-sim é um hotel. Os residentes vêm depois. É incrivel como a Baixa tem tão poucos hoteis (não estou a falar das pensões horriveis que existem), sendo a maioria da oferta de alojamento na cidade nas Avenidas Novas, em zonas e edifícios sem qualquer interesse turístico.
A Baixa precisa urgentemente de hoteis, pois com eles haveria pelo menos residentes temporários, e o comércio (restaurantes e lojas) estaria aberto até tarde (muitos restaurantes na zona fecham antes do jantar!).
Aliás, muitos dos edifícios (sendo antigos escritórios) seriam muito melhor adaptados para hoteis do que apartamentos. O único bom exemplo até agora é o Hotel Vincci Baixa.
Ninguém quer viver na Baixa neste momento porque não é uma zona habitável. Começaria a sê-lo com hoteis.
Caro Fernando, confesso que nunca tinha abordado o problema por essa perspectiva, mas talvez a sua idéia seja exactamente aquilo que poderia recuperar a Baixa, a médio prazo.
Uma Baixa revigorada até poderia começar a contagiar outras zonas limítrofes.
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