28/04/2012

Família numerosa mora há dez anos em casa ocupada sem água junto aos Jerónimos


in Público
Cá fora, na travessa que dá para as traseiras dos Pastéis de Belém, há um sofá na rua e mangueiras que despejam água suja. Olha-se para o segundo andar e vê-se que a imaginação humana não tem limites: para aumentar a área útil do degradadíssimo prédio, a família cigana que aqui se instalou há dez anos acrescentou uma marquise à varanda do segundo andar - mas de tijolo, sem uma única abertura para a luz entrar. Na casa ocupada moram dez pessoas: o patriarca e a mulher, os respectivos filhos e por fim os netos, quatro crianças entre os três e os oito anos.
Como o prédio não tem água, a família vai buscá-la com baldes ao vizinho Jardim Botânico Tropical, em cujos muros monta estendais de roupa. Depois verte-a para a máquina de lavar, que despeja para a via pública com as ditas mangueiras.
A poucos metros, os turistas apreciam as maravilhas da zona monumental por excelência da cidade e lambuzam-se com os pastéis de Belém. Na Travessa dos Ferreiros a Belém, os banhos são tomados de alguidar, à custa de cafeteiras aquecidas. Como há telhas rachadas, chove dentro de casa. A electricidade é puxada de uma familiar que habita num andar contíguo. Ciente da situação, que considera pôr em causa a saúde pública, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria de Belém, Fernando Ribeiro Rosa, diz que o problema não é fácil de resolver: os legítimos proprietários do prédio "nunca fizeram nada para que os ocupantes saíssem".
"Mas a vereadora da Habitação, Helena Roseta, está a par do caso, que é muito delicado", observa. O PÚBLICO pediu informações à autarca sobre a situação há dez dias, mas até ontem não recebeu qualquer tipo de resposta. "Os ocupantes até estão aqui recenseados", adianta Ribeiro Rosa. E aguardam que a autarquia os realoje numa casa a que possam chamar sua. A.H.

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