06/03/2013

Câmara de Lisboa garante recuperação do quiosque “na medida do possível”


In Público (6/3/2013)
Por Marisa Soares

«O concurso para a reabilitação do quiosque da Estrela, junto à basílica do mesmo nome, em Lisboa, ainda não foi lançado, mas a autarquia garante que o futuro concessionário terá de “recuperar o maior número de elementos possível”. A garantia não convence o presidente da Junta de Freguesia da Lapa, que se diz “preocupado” com o futuro do quiosque centenário.

O quiosque era propriedade privada e estava há cerca de 20 anos preso num processo de partilhas. Desde então, transformou-se num local imundo, usado como lixeira, onde um sem-abrigo procurava refúgio. Em Novembro, a Câmara de Lisboa tomou posse administrativa do imóvel e prometeu lançar um concurso para a sua exploração. Até agora, porém, nada foi feito.

O presidente da Junta de Freguesia da Lapa, Nuno Ferro, foi recentemente informado pelo gabinete do vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes, de que a Câmara iria proceder “em breve à retirada temporária do quiosque”, com vista à “preservação dos elementos arquitectónicos de maior interesse”.

“Eles dizem que vão tentar recuperar o que for possível. Mas não dizem que quem ganhar [o concurso] terá de colocar o que não for possível recuperar tal e qual como está”, critica Nuno Ferro.

Contactado pelo PÚBLICO, o assessor de imprensa do vereador confirmou que a câmara vai retirar o quiosque “por questões de segurança”. Apesar de ainda não ter sido defi nido o caderno de encargos para a reabilitação e exploração do espaço, a autarquia garante que o objectivo “é manter a traça original” e que “será recuperado tudo o que for possível, para depois voltar a ser colocado no mesmo local”, à semelhança do que aconteceu com os quiosques do Camões, da Praça das Flores e do Príncipe Real. “É prematuro avançar com uma previsão” sobre quando poderá avançar esta intervenção, mas “vai decorrer o quanto antes”, afirma o assessor de José Sá Fernandes.

Com 104 anos, o quiosque da Estrela é um exemplar único de Arte Nova na capital, construído em ferro forjado, com uma cobertura de zinco em forma de escamas, e elementos rendilhados. Está situado numa zona nobre da cidade: pode ser observado do emblemático eléctrico 28, que todos os anos transporta milhares de turistas, e fi ca ao lado da Basílica da Estrela.

O primeiro alerta da junta de freguesia à câmara data de Novembro de 2007. Nuno Ferro propunha a reabilitação do quiosque centenário ou a colocação de um novo. A câmara não adianta pormenores sobre os moldes em que será explorado o espaço. Diz apenas que estará em sintonia com a “estratégia” que tem seguido para recuperar e revitalizar os quiosques da cidade. “Não percebo qual é a difi culdade em dizer o que vai acontecer ao quiosque. Se vai ser reposto na íntegra, se é a 5% ou a 50%”, remata Nuno Ferro.»

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