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24/01/2019

Algumas medidas simples para os transportes de Lisboa


In Público Online (24 de Janeiro de 2019)

São medidas simples, algumas relativamente económicas e que podem garantir não só importantes ganhos de eficiência como de conforto.

«Sabemos que o investimento em transportes públicos, por forma a garantir um bom nível de cobertura, frequência e qualidade, pode ser bastante avultado. Podemos questionar-nos se fará sentido continuar a investir na expansão das diversas redes (rodoviária, ferroviária e fluvial), ou seja na sua área de cobertura, sem tratar de resolver primeiro as insuficiências e problemas das redes actuais. Aí pesa sobretudo a questão da frequência que está muito associada a uma maior disponibilidade de recursos humanos e veículos cujo custo também pode ser considerável, porém incontornável para alcançar níveis de serviço satisfatórios. A relação custo-benefício e todas as externalidades positivas, aconselhariam certamente a um maior investimento nesta área mas mesmo sem querer avançar já para esse nível de investimento, existem algumas medidas, simples e relativamente baratas, aplicáveis na cidade de Lisboa - e não só - que podem ser desde logo implementadas com evidentes vantagens. Algumas destas medidas têm maior impacto no sector turístico, outras têm um carácter mais abrangente:

- Os passageiros que chegam ao aeroporto de Lisboa precisam de esperar talvez 30 minutos na recolha de bagagens e depois precisam muitas vezes de formar extensas filas nas máquinas do metro de Lisboa para poder adquirir o seu bilhete. Porque não colocar máquinas de bilhetes do metro junto à recolha de bagagens para que possam desde logo comprar o seu bilhete enquanto esperam pelas bagagens? (a medida pode levantar questões de jurisdição mas podem certamente ser articuladas entre Metropolitano de Lisboa e ANA).

- Recentemente, o modelo de embarque nos táxis na zona de chegadas do aeroporto foi alterado permitindo mais embarques em simultâneo. Uma boa medida que poderá até ser ampliada se o tempo médio de embarque se revelar ainda demasiado elevado na época alta. Também importante seria a colocação junto à zona de embarque, de um mapa da cidade de Lisboa, bem visível, com círculos concêntricos que indiquem o custo médio de deslocação por táxi e com informação clara sobre a taxa de bagagem e de chamada. Uma medida que irá contribuir para uma maior transparência deste serviço.

- A compra de bilhete ao guarda-freios é um dos factores que agrava significativamente o tempo de paragem dos eléctricos. Em pontos-chave do percurso, poderiam ser colocadas máquinas exteriores automáticas de bilhetes (eventualmente mais pequenas que funcionem apenas com moedas e cartões), por exemplo no Martim Moniz, Portas do Sol, Rua da Conceição, Largo Camões e Prazeres. A recolha de dinheiro poder-se-ia fazer ao fim de cada dia para evitar furtos e danos. E note-se que esta medida teria não só um efeito positivo na pontualidade, frequência e capacidade dos eléctricos como iria promover uma maior fluidez de todo o trânsito que é afectado pelas paragens prolongadas deste meio de transporte.

- A existência de um bilhete de três a cinco dias, com algum desconto sobre o valor do bilhete diário, que permite ao visitante da cidade usufruir tranquilamente da sua estadia sem necessidade de recargas constantes ou controlo de saldo. Pode até não ser a melhor estratégia em termos de rentabilidade mas faz todo o sentido da perspectiva do utilizador e do seu nível de satisfação.

- À semelhança do que acontece por exemplo em Praga, capital da República Checa, os autocarros poderiam exibir em ecrã as próximas 4 paragens para que os passageiros se possam preparar antecipadamente e possam viajar mais tranquilos, sinalizando inequivocamente a chegada a cada uma delas. Uma informação que é fundamental para passageiros (não apenas turistas) que não conheçam o percurso. De forma adicional poderia ser exibida a distância remanescente até às paragens para que os passageiros possam ter uma noção do tempo de percurso.

- Seria importantíssimo que as grandes estações de metro, estações de intersecção de linhas, estivessem munidas de instalações sanitárias de capacidade adequada. Se alegarem que o custo é demasiado elevado então que se cobre um valor razoável (0,20 euros) pela sua utilização mas a existência de tais equipamentos justifica-se plenamente em infra-estruturas dessa dimensão.

- Estamos no século XXI. Conseguimos falar com outro ser humano através de dispositivos móveis com som e imagem mas somos incapazes de conceber refúgios de paragens de transportes públicos capazes de proteger eficazmente os utentes da chuva. Estas estruturas de mobiliário urbano que encontramos actualmente em Lisboa foram desenhadas tendo como primeiro critério a visibilidade dos suportes publicitários. Como tal os bancos são colocados do lado oposto onde estão os cartazes. A proteção nascente é mais curta ou inexistente e não existe proteção frontal que poderia perturbar a visibilidade do cartaz. As diferentes componentes são em muitos casos disjuntas e com frestas e a altura e profundidade do tejadilho revelam-se desadequadas para criar uma zona de proteção suficiente quando a chuva cai com ângulos mais acentuados. É certamente possível criar um modelo que seja capaz de proteger eficazmente os utentes da chuva, nomeadamente através de uma semi-proteção frontal (vejam-se por exemplo os casos de Curitiba e de Birmingham). Ou bem que os concessionários de publicidade se comprometem a criar um abrigo confortável ou então a própria Câmara Municipal deveria assumir a responsabilidade da instalação de tais equipamentos, tão importantes para a qualidade de vida de tantos cidadãos. A substituição destas peças de mobiliário urbano teria os seus custos, claro, mas pelo menos que se desenhem modelos capazes e que se proceda paulatinamente à sua substituição com objectivos, por exemplo, trimestrais. Outra medida imperiosa é a drenagem eficaz da zona frontal da paragem ou medidas de acalmia de tráfego como lombas ou passadeiras sobre-elevadas que evitem as rajadas de água que os automobilistas lançam sobre os utentes.

São medidas simples, algumas relativamente económicas e que podem garantir não só importantes ganhos de eficiência como de conforto. Os utentes, que por experiência própria e contínua, sentem na pele os problemas e as limitações dos transportes públicos, têm que ter a sua opinião levada em linha de conta de forma mais assertiva e consequente, para que seja garantida uma melhoria contínua da rede de transportes públicos nas suas várias vertentes.

Pedro Machado

Matemático; membro do Fórum Cidadania Lx; autor do livro "A Lisboa que eu imaginei"»

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

07/03/2014

Portal "Na minha rua" - Problemas sem resolução - Acessos para Cidadãos com Mobilidade Reduzida


Chegado por e-mail:

«Exmos. Senhores,


É com profunda tristeza e total descrença nos poderes públicos, incluindo os locais, que constato que dois pedidos meus colocados no portal da CML “Na minha rua”, com soluções económicas perfeitamente adaptáveis e adequadas, são considerados encerrados e que uma insistência minha é igualmente encerrada… pelo simples facto de se tratar de uma insistência.

Numa altura em que a CML pretende adotar uma política de maior proximidade em relação ao Munícipe, através do portal “Na Minha Rua”, do Orçamento Participativo e outras tantas iniciativas que certamente desconhecerei e… na prática os pedidos caem todos no âmbito de intervenção de um departamento camarário, sem que ao Munícipe seja dada qualquer outra satisfação senão a redonda justificação de que a questão “será resolvida no âmbito de um projeto/empreitada planeado para o local mencionado” ou que foi “devidamente encaminhada”.

Os pedidos por mim apresentados no portal “Na minha rua” relacionam-se com a inexistência de acessos nos passeios da cidade de Lisboa para cadeiras de rodas, de que sou assaz vítima, na qualidade de “pessoa de mobilidade reduzida”. Existindo diversíssimos casos em que sou prejudicado na minha mobilidade pela ausência de intervenção a esse nível, limitei-me, no entanto, à apresentação de dois pedidos de construção de um pequeno bloco de cimento ou qualquer outra solução provisória que me permita subir e descer para/de passeios demasiado altos, nos seguintes locais:

1. No Campo das Cebolas, perto do meu local de emprego (ocorrência com o número OCO-104846-2013), em que o passeio identificado no pedido é cortado, sem qualquer rebaixamento, por uma porta – sem qualquer uso – do Ministério das Finanças, o que me obriga a deslocar na via pública, por entre veículos da CARRIS que por ali circulam, tendo de me sujeitar a desviar-me das imensas poças que ali se criam em dias de pluviosidade; e

2. Na Rua de Xabregas / esquina com a Travessa da Manutenção, no local de residência (ocorrência com o número OCO-102535-2013), uma vez que o passeio de acesso a uma pequena galeria comercial me é totalmente vedado pelo facto de todo o passeio circundante daquela zona não ter qualquer rebaixamento.

O sentimento de total impotência perante a ausência de qualquer resposta, sobretudo quando está simplesmente em causa o pedido de instalação de um pequeno bloco de cimento ou outra qualquer solução que, provisoria ou definitivamente, me permita o acesso em condições minimamente aceitáveis àqueles locais, leva-me a equacionar colocar as situações descritas no blogue “Cidadania Lisboa”, através do qual consegui, em novembro de 2009, resolver uma situação confrangedora que me forçava a circular em contramão na Avenida Infante D. Henrique para aceder à paragem de que disponho para me deslocar ao meu local de trabalho:

http://cidadanialx.blogspot.pt/2009/11/chegado-por-e-mail.html#links

Pedi já a pessoas minhas amigas que filmassem o circuito que tenho de percorrer no local acima identificado, por forma a mostrar quão inexplicável é o facto de não se despender uma negligenciável quantia para permitir que um Munícipe não seja forçado a deslocar-se em plena via pública, tendo de estar com redobrada atenção ao trânsito da zona e chegando, no Inverno, a ter de evitar poças de água lamacenta.

Aos Senhores Vereadores Fernando Nunes da Silva e Helena Roseta – com os quais contactei em 2009 pelos motivos acima descritos – dou conhecimento desta situação na ânsia de que, enquanto Membros do Executivo, tornem os departamentos camarários da Edilidade efetivamente mais vocacionados para dar resposta aos Munícipes e a encontrar soluções económicas, sejam elas temporárias ou definitivas, que melhorem a vida daqueles em prol de quem exercem o Vosso Mandato.

Ao Instituto Nacional de Reabilitação, entidade à qual devo a demonstração de interesse e tomada de diligências em outros problemas de acessibilidades por mim apresentados, para tomar conhecimento de mais estas situações desta natureza com que as pessoas com mobilidade reduzida se deparam e possa exercer o seu poder de influência institucional junto das entidades às quais cabe, em primeira linha, resolver problemas básicos de mobilidade e integração social.

Obrigado.

Com os melhores cumprimentos,


João Miguel Simões»

13/03/2013


Chegado por e-mail:


«Boa tarde,

Por serem do interesse deste fórum os temas abordados em conferência havida ontem em Almada, passo a resumir para vosso conhecimento o que ouvi relativamente ao trabalho desenvolvido pela Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa no último ano, que me parece relevante e que desconhecia por completo:

- Interveio no trabalho desenvolvido pelo grupo de trabalho criado pelo governo para revisão das redes de transportes públicos na AML;
- Implementou as novas regras do passe social;
- Implementou o Passe Navegante;
- Recepcionou e tratou 10 mil reclamações de passageiros;
- Elaborou um plano de monitorização dos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa;
- Analisou comparativamente os tarifários dos transportes públicos da AML com os de outras regiões da Europa;
- Lançou as bases para a atribuição de incentivos financeiros pela AMTL, para a modernização tecnológica e a eficiência energética do sistema de transportes da Área Metropolitana de Lisboa;
- Elaborou estudos estratégicos necessários à preparação para a contratualização do serviço público de transporte, incluindo estudos de mobilidade, racionalização de redes e da oferta de serviços, obrigações de serviço público, monitorização do sistema, benchmarking, financiamento/fontes alternativas;
- Fiscalizou o contrato de serviço público celebrado com Transtejo e Soflusa.

Fica o resumo do que vi e ouvi.

Cumprimento
IS»

12/08/2010

Tráfego e poluição afastam moradores

In Diário de Notícias (12/8/2010)
por DANIEL LAM


«Junta de Freguesia de S. Nicolau exige suspensão do novo plano de circulação rodoviária na Baixa pombalina.

O presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, António Manuel, enviou ontem um ofício ao vereador da Mobilidade da Câmara de Lisboa, Fernando Nunes da Silva, propondo a suspensão do novo plano de mobilidade da Baixa - previsto para entrar em vigor em Setembro - porque "aumenta o tráfego e a poluição na zona, inviabilizando o processo de repovoamento". O vereador garante que "não vai haver mais trânsito".

"O novo plano de mobilidade para a Baixa dá preferência ao tráfego automóvel em detrimento dos peões e dos moradores", disse ao DN o autarca da Freguesia de S. Nicolau. Salienta que "o aumento do trânsito faz subir os níveis de poluição, que na área da Baixa já ultrapassam os limites admissíveis para zonas residenciais, segundo dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo. Assim, põe em causa o plano de reabilitação e urbanização da Baixa, que procura trazer mais moradores e melhorar a qualidade do ar".

António Manuel contesta principalmente a parte relativa à Rua da Conceição, que tem actualmente tráfego automóvel apenas no sentido da Sé para o Chiado. "O novo plano de mobilidade pretende abrir também a circulação automóvel no sentido inverso, o que fará aumentar o trânsito na Baixa."

Na sua opinião, "também coloca em risco a segurança dos peões, porque os passeios na Rua da Conceição são muito estreitos e por vezes as pessoas têm de andar na estrada. Até já houve acidentes ali".

Salienta que nesta rua "há grande fluxo pedonal, por ser bastante residencial e com grande actividade comercial, com lojas de retrosarias e restaurantes" (ver caixa).

"O plano de mobilidade deve ser parte integrante do plano de reabilitação urbana da Baixa e não colidir com ele nem prejudicar os seus objectivos", adverte o presidente da junta de freguesia.

O autarca discorda também do ponto do plano que pretende "desviar parte dos transportes colectivos da Rua do Arsenal para a Avenida da Ribeira das Naus, que já é o eixo da Baixa mais carregado de tráfego, com cerca de 160 mil veículos por dia".

Por tudo isto, António Manuel propõe "a suspensão do plano, até serem criadas as condições de funcionamento das estruturas circulares que desviem e impeçam o tráfego na Baixa, sejam construídos os parques de estacionamento previstos e se dedique o espaço público aos peões aos transportes de proximidade". Em suma, "que se acabe com todo o trânsito na Baixa, que passaria a ser toda pedonal", conclui António Manuel.

O vereador Fernando Nunes da Silva considera "estranha esta posição, porque o presidente da junta nunca se opôs a este plano, que tem estado a ser discutido desde Novembro de 2009".

O autarca garante ao DN que a Rua da Conceição "até vai ter menos tráfego, porque deixa de receber trânsito das ruas do Ouro e da Prata com destino ao Chiado. Com o novo plano, essas viragens não são permitidas e passam a ser feitas para a Rua do Comércio, que é mais larga e tem menos lojas".

Adianta que a Rua da Conceição "passa a servir apenas para atravessar a Baixa entre a Sé e o Chiado" e vice-versa, prevendo-se que o tráfego actual nesta artéria, "de 220 a 250 veículos por hora, reduza para 125 veículos por hora".

De acordo com o mesmo responsável, "nos últimos dois anos, o tráfego na Baixa já diminuiu cerca de 45%. Ao fim deste período, podemos concluir que ali só circula o trânsito necessário ao funcionamento da Baixa. Tudo o que era para sair já saiu".

Em Junho, o plano de circulação rodoviária "foi aprovado em reunião de câmara e entra em vigor em Setembro", conclui o vereador.»


...


Há muito que a Rua da Conceição devia ser só eléctricos e veículos prioritários, a do Crucifixo para peões, etc., etc. Na Baixa o problema é a montante, que é como quem diz ao nível do Marquês de Pombal. Depois, é preciso coragem e não andar como até agora "un pasito adelante, dos pasitos para atras".

08/04/2010

Entrevista ao Arquitecto Manuel Salgado

Não foram suficientes as restrições ao trânsito na Baixa: é preciso reduzir ainda mais o volume de tráfego. Manuel Salgado, vice-presidente e vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, quer ver surgir depressa um pólo de Serralves na Praça do Município e sublinha a urgência de ocupar as arcadas do Terreiro do Paço com estabelecimentos comerciais e esplanadas, agora que o novo pavimento está quase pronto. Salgado afirma que em meados do ano que vem vai ser possível chegar de elevador ao Castelo de São Jorge.

O orçamento da câmara para 2010 (que foi chumbado) prevê venda de património municipal, como palácios. Para quê?
Para reinvestir.

Em quê?
Por exemplo, para reabilitação do Bairro Padre Cruz e da Mouraria, que têm candidaturas ao Quadro de Referência Estratégico Nacional mas só para metade do investimento. Ou seja, vendem-se palácios para recuperar bairros degradados. E não só. Espaço público, equipamentos, escolas.

É legal o município passar a exigir aos promotores imobiliários que uma percentagem dos fogos que coloquem no mercado seja a custos controlados?
A Lei dos Solos prevê-o expressamente. E já a temos contemplada no projecto do novo Plano Director Municipal, que está pronto. Se a situação actual se mantiver, o mercado imobiliário desaparece em Lisboa. As pessoas não têm capacidade de pagar as rendas nem os valores de venda. E é garantido que, a prazo, as taxas de juro dos empréstimos vão subir. Estamos a tentar encontrar o ponto de equilíbrio que permita, sem pôr em crise o sector, criar uma oferta de habitação acessível a um leque mais vasto de pessoas. Lisboa vive uma situação absolutamente dramática em termos de falta de população. E também distorcida: temos um pouco menos de meio milhão de habitantes e 26 mil fogos municipais. Mais de metade destas 500 mil pessoas não pertencem à população activa. Só para se ter uma noção da gravidade da situação, Barcelona tem 1,7 milhões de habitantes e nove mil fogos municipais de habitação social.

É uma cidade de velhos...
...de velhos e de pobres, à qual afluem diariamente mais pessoas do que aquelas que cá vivem. As receitas municipais têm vindo a diminuir nos últimos dez anos por via da saída de empresas e de gente. É indispensável um consenso entre todas as forças políticas para pormos em prática medidas que invertam esta tendência.

E que percentagem dos fogos será a custos controlados?
Falou-se em 25 por cento e pode ser um ónus temporário, no caso dos arrendamentos. A partir de determinada altura o imóvel poderia ser posto no mercado livre.

Quando entrará a medida em vigor?
Espero que o novo PDM seja aprovado no início do ano que vem.

E seria só para urbanizações novas?
Não, funcionaria também para a reabilitação urbana.

Como está a revitalização da Baixa?
Apostámos forte na Baixa. Prevê-se que no final deste mês vá à reunião de câmara o respectivo plano de salvaguarda. Uma vez aprovado, os licenciamentos de obras já não têm de passar pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar).

Isso é bom?
É, porque o Igespar fez parte da equipa que elaborou o plano e definiu as regras de transformação do edificado, o que nos vai permitir licenciar obras mais depressa. Depois de o plano aprovado, só os edifícios que são monumentos nacionais é que têm de ter parecer do Igespar, que é o caso do Terreiro do Paço e do Teatro D. Maria. Também foi definido qual o comércio de tradição que tem de ser mantido.

Muita da arquitectura de interiores das lojas da Baixa foi destruída. O plano ainda vem a tempo de salvar o que quer que seja?
Vem. Mais do que planos que funcionem como instrumentos de polícia, necessitamos de outra cultura de abordar a cidade. Por exemplo, a loja Casa Portuguesa afirma-se pela valorização dos móveis antigos, das estantes antigas, de um determinado carácter que distingue a loja, para além dos produtos que vende. A Confeitaria Nacional está impecável. Isto parte muito da cultura dos próprios comerciantes. Mas se essa cultura não existe... Também é difícil impô-la.

No passado, falou na possibilidade de o plano de salvaguarda da Baixa permitir demolições. Referia-me aos pisos a mais. Ou a edifícios inteiros sem valor?
Sim. Já não me lembro se o plano contempla situações dessas, mas, teoricamente, deve contemplar. Até porque há edifícios que nunca foram construídos de acordo com o plano pombalino. Ficaram mais baixos. Que me recorde, neste momento, não há nenhuma demolição prevista.

Houve uma redução de trânsito na Baixa por causa do novo plano de tráfego? Exactamente. E agora vai ter de ser aperfeiçoado para reduzir mais o ruído. Vamos alargar os passeios das ruas do Ouro e da Prata. Ainda temos de reduzir 25 por cento do actual volume de tráfego.

Quando é que vamos poder chegar ao castelo de elevador?
Uma vez que a obra está em curso, em meados do ano que vem.

E tomar um copo nos Terraços do Carmo, com a Baixa aos pés?
Espero que, o mais tardar, em 2012. Outro projecto que espero que avance em breve é a criação de um pólo do Museu de Serralves na Praça do Município. O BPI é sponsor de Serralves e tem uma antiga dependência neste local.

Há mais novidades na Baixa? A Loja do Cidadão dos Restauradores vai ser transferida para um prédio no cruzamento da Rua dos Fanqueiros com a Rua do Comércio. Por outro lado, queremos criar um espaço para expor o que de melhor se faz nas novas tecnologias em Portugal. Estamos à procura de um edifício na Baixa para instalar uma "megastore da inovação", que será uma parceria da câmara com outras instituições.

O novo pavimento do Terreiro do Paço está quase pronto. O que fica a faltar na praça? A limpeza das fachadas, o restauro do Arco da Rua Augusta e a utilização dos pisos térreos.

E os estabelecimentos comerciais previstos para as arcadas do Terreiro do Paço? Houve um primeiro estudo que deixava muito a desejar. Neste momento está a ser feita outra abordagem. Mas o que a câmara entende é que é urgente que seja definido o perfil dos estabelecimentos que ali vão ser instalados. Estando o espaço público concluído, é urgente que aqueles grandes passeios sejam usados com esplanadas, com sítios para as pessoas estarem. A praça vai ficar lindíssima. E é possível instalar algumas esplanadas sem que isso implique obras. Podem ali ser colocados uns belos quiosques, como o que está no Camões.

Que mais? A Sociedade Frente Tejo terá de apresentar à câmara um projecto de urbanismo comercial, para aprovarmos. Sei que estão a tentar apostar mais na restauração e em determinado tipo de lojas-âncora. Mas o maior problema era o modelo de gestão a adoptar. É sobre isso que estão a ser exploradas hipóteses. Haverá áreas destinadas a usos culturais, restauração, livrarias, lojas de produtos nacionais... (in Público, 8-4-2010, entrevista de Ana Henriques)

Foto: Rua da Conceição

15/09/2009

Semana Europeia da Mobilidade: LISBOA versus VIENA

«Vienna has passed Zurich to take the top spot as the world’s city with the best quality of living, according to the Mercer 2009 Quality of Living Survey. Geneva retains its position in third place, while Vancouver and Auckland are now joint fourth in the rankings. Overall, European cities continue to dominate the top locations in this year’s survey. In the UK, London ranks at 38, while Birmingham and Glasgow are jointly at 56. In the US, the highest ranking entry is Honolulu at position 29. Singapore (26) is the top-scoring Asian city followed by Tokyo at 35. Baghdad, ranking 215, remains at the bottom of the table.» http://www.mercer.com/

Lisboa aparece na lista das 50 cidades com melhor qualidade de vida na posição 44 (uma das piores na Europa). Mas a capital portuguesa não aparece na lista das 50 cidades com melhor infraestrutura. Porquê? Comparemos a situação dos Transportes Públicos de Lisboa e Viena.

Em Viena (1,6 milhões de habitantes) existem actualmente 30 carreiras de eléctricos no centro da cidade.

Em Lisboa (500 mil habitantes) o Estado nunca mais investiu neste tipo de transporte público desde a inauguração do eléctrico de nova geração entre a Praça da Figueira e Algés em 1995. Esta situação é inédita nas economias desenvolvidas.

Por todo o mundo se está a investir fortemente nos eléctricos. De Paris a Londres e Nova Iorque, várias autoridades metropolitanas estão a investir nos eléctricos porque está provado que é uma das maneiras mais eficazes e económicas de assegurar a mobilidade dos cidadãos e ao mesmo tempo reduzir o impacto negativo dos actuais hábitos insustentáveis de mobilidade centrados no automóvel particular. A instalação de uma nova linha de eléctrico é 10 vezes mais barata que uma linha subterrânea de metro. E enquanto uma carreira de autocarro pode transportar cerca de 8000 passageiros por hora, um eléctrico de nova geração pode transportar entre 30 000 e 40 000.

Considerados estes argumentos, porque razão Lisboa não recebe investimento em eléctricos há quase 15 anos? A apatia do Estado levou a que os veículos privados destronassem o transporte público a uma velocidade galopante. Segundo os dados do INE, a importância do transporte individual na região de Lisboa aumentou de 26% em 1991 para 45% em 2001. E em 10 anos a Transtejo / Soflusa perdeu 40% de passageiros.

Entretanto, o crescimento descontrolado do número de veículos de transporte individual e consequente congestionamento dos arruamentos da cidade (com trânsito e estacionamento), impede o cumprimento de horários. Resumindo, a falta de planeamento e de investimento do Estado Português levou à destruição de uma das maiores vantagens dos transportes públicos: a rapidez.

Apenas o Metropolitano de Lisboa, com cerca de 40 km de linhas, tem registado um desempenho positivo. No entanto a expansão da rede do Metro tem decorrido a passo de caracol e demasiadas vezes com derrapagens de custos. Em 2010 Lisboa terá uma rede de metro com pouco mais de 50km. Em comparação, Viena terá 800 km de linhas de metro em 2010. É por estatísticas como esta que Viena é uma das cidades da Europa com maior qualidade de vida.

Realiza-se, de 16 a 22 de Setembro, a Semana Europeia da Mobilidade, tempo para debater a necessidade da mudança de comportamentos, em particular no que toca à utilização do automóvel particular.

Foto de Pedro Flora

31/05/2009

NOVA IORQUE: "Broadway is NO way"

It's curtains for cars on Broadway.

Starting Sunday, vehicles will be barred from the legendary roadway in Times Square and Herald Square as it is transformed into a pedestrian-only area with a food festival, an outdoor yoga studio and a kickball arena, officials said yesterday.

All traffic will be diverted from Broadway between 47th and 42nd streets and between 35th and 33rd streets, said Department of Transportation Commissioner Janette Sadik-Khan. Drivers will have to move to Seventh or Ninth avenues to get downtown.

It's all part of a $1.5 million plan to turn sections of Broadway into massive pedestrian plazas, a plan that Mayor Bloomberg said will ease the grueling traffic bottlenecks that happen near major intersections.

Officials aren't wasting any time turning the Great White Way into the Great Walkway.

On June 7, the city will broadcast the Tony Awards to a live audience sitting on what used to be Broadway's traffic lanes.

Top-notch restaurants will also be out for a Taste of Times Square event on June 8.

Other events, like kickball, capture the flag, and yoga at sunrise, will come later in June.

Construction on the Times Square plazas will be done by Aug. 16, and Herald Square will be finished Aug. 23, officials said.

Sadik-Khan said the closures will "take some getting used to," for drivers, but she doesn't expect any traffic nightmares.

"We actually think traffic is going to improve coming down Seventh Avenue when we're knitting it together," she said.

"I think it'll still take a period of adjustment, though," she acknowledged. Officials begged motorists not to get caught up in any early confusion. "Give it time to see how it works," said Times Square alliance chief Tim Tompkins.

DOT crews will be out monitoring traffic, Sadik-Khan said. The plan is causing a divide among business owners.

A manager at Grand Slam, a trinkets store on Broadway, said he thinks the increased foot traffic will bring him more customers.

"It helps me," said John Palha, who has managed the store for 11 years. "When there's less cars on the street, people can get here. They can walk right over and come in."

But store owners on the Seventh Avenue side said the increased car traffic and sinking economy might tank their business.

"It could very possibly put me under," said a businessman who runs a camera and computer store.

"It's not good for me. It's much more attractive for the other side."

in NEW YORK POST, 20 de Maio de 2009 [sounds familiar...]

01/04/2009

Chegado por email:

«Caros Cidadãos,



Sou residente, na rua dos Douradores, em plena baixa pombalina, quero manifestar a minha concordância e apreço, pela corajosa medida levada a cabo, pela Câmara Municipal de Lisboa, em reduzir consideravelmente o transito na Baixa de Lisboa.



Passado um mês, aproximadamente, (não tenho ideia precisa que quando esta medida foi posta em vigor), posso desde já adiantar, que a poluição ambiental e sonora, desceram consideravelmente. Nota-se que qualidade do ar melhorou significativamente, o que é importantíssimo para quem ali reside e trabalha.



Os pessimistas alarmaram na altura em que foi anunciada a medida e, alguns comerciantes revoltaram-se com o condicionamento do transito, pois ira causar, certamente, uma diminuição dos potenciais clientes. Posso adiantar que os cafés, restaurantes e ruas continuam cheios, as lojas tem exactamente a mesma clientela que já tinham, parece pois, que afinal não é o facto de se poder ir ou não em viatura própria que se ganham ou perdem clientes.



Talvez fosse importante reconsiderar que tipo de comercio faz sentido, hoje em 2009, existir na baixa de uma capital de um país…

---



Cidadãos,



Fiquei chocado, com o que assisti hoje pelas 15.00, na Estação da Baixa-Chiado. O aparato que o metro de Lisboa colocou na operação de controle de bilhetes aos utentes é, no meu entender, despropositado. Eram 4 ficais da referida empresa e, ainda que discretamente afastados, 2 elementos da Policia de Segurança Publica.



É também lamentável que na mesma estação e nos comboios que utilizo diariamente, não haja controle aos inúmeros pedintes, que exibem a sua deficiência, aproveitando para nos insultarem se não correspondemos com a ajuda financeira. São eles; cegos, deficientes motores, crianças com cães (que utilizam estes animais para impressionar e comover os transeuntes, creio que se trata de bandos organizados que colocam os miúdos em pontos estratégicos na cidade de Lisboa, pois tem vindo a aumentar nos últimos meses).



Andar de metro, em Lisboa, é uma experiencia antropológica interessante, pois para além do que já expus, há ainda os “bandos” que se movem sempre de forma cobarde e actuam em grupo; claques de equipas de futebol, de estudantes caloiros vestidos com o traje académico, que cantam e proferem obscenidades.



Nunca assisti á intervenção, nem da segurança do metropolitano de Lisboa, nem da Policia de Segurança Publica o que é lamentável.



Otelo Lapa»

26/03/2009

Discussão Pública do Plano de Mobilidade para a Baixa

«A sessão de discussão pública do Plano de Mobilidade para a Baixa juntou, no dia 23 de Março, centena e meia de munícipes, para ouvir detalhes do novo modelo proposto e para apresentar as suas sugestões.

Manuel Salgado, vereador do Pelouro do Urbanismo, Pedro Moutinho, Director Municipal de Segurança e Tráfego, e Valter Rossa, a quem se juntou o presidente da Câmara, António Costa, procederam à apresentação dos objectivos e métodos do Plano, que se propõe eliminar o tráfego de atravessamento, calculado em 70%, para diminuir os elevados níveis de poluição do ar e de ruído que afectam essa zona da cidade, aumentar a segurança dos peões, requalificar o espaço público, promover a ligação ao
rio e atrair mais gente para viver na Baixa.

Contrapondo ao tradicional círculo vicioso um novo "círculo virtuoso", Manuel Salgado assegura que o novo Plano contribuirá para alcançar uma série de objectivos urbanísticos que culminem no repovoamento da Baixa: a sua "reconquista das funções comercial e de lazer", a atracção de novas actividades, "ligadas à criatividade e à inovação", a concretização de um "novo modelo de habitação". Para o efeito, estão em curso acções diversas, desde a finalização de instrumentos de ordenamento urbanístico (como o Plano de Pormenor para a Baixa ou a aprovação das medidas provisórias do PDM, que já permitiram 160 novos licenciamentos, desde o início do ano), às acções de requalificação do espaço público no âmbito da Frente Tejo, a busca de soluções para reformular a ocupação dos espaços no Terreiro do Paço
(nomeadamente, encontrando novos usos para os pisos térreos), passando pela
dinamização da Baixa como pólo cultural (com destaque para a instalação do Museu do Banco de Portugal, no largo de São Julião, do Museu da Moda e do Design, na Rua Augusta, ou, mais acima, a ampliação do Museu de Arte Contemporânea e da Escola de Belas Artes pela desafectação de instalações policiais no Convento de São Francisco, ou a activação do Museu de São Roque), a ocupação de espaços a recuperar para a Trienal de Arquitectura, a Moda Lisboa, o Centro Português do Design, etc., e a criação de um "centro comercial a céu aberto", beneficiando da conjugação de esforços nas áreas da segurança, da imagem e da logística.

Para que todas estas acções se tornem realidade e constituam o sucesso esperado é, contudo, necessário um "espaço público de excelência". Nesta óptica, vereador não duvida que "a revitalização da Baixa requer um novo modelo de mobilidade". Manuel Salgado sustenta esta afirmação com números e dados qualitativos que revelam ter estado a Baixa, até ao dia 15 de Fevereiro (antes dos cortes de trânsito derivados das obras que agora decorrem no Terreiro do Paço), sujeita à pressão de 4500 viaturas por hora (resultantes em 70% de tráfego de atravessamento), até porque ainda 19% da afluência de pessoas resulta da deslocação em transporte individual, utilizado na maioria (80%) para deslocação para o trabalho), quando é sabido que a Baixa é das zonas melhor servidas por transportes colectivos em toda a Lisboa. Daqui
resulta uma qualidade do ar claramente abaixo dos parâmetros europeus, um volume de tráfego excessivo que dificulta a sua fluidez e penaliza a eficiência do transporte público, sobrecarregando pavimentos e outras infra-estruturas e degradando o edificado.

Face a esta situação, e na busca dos objectivos inicialmente identificados, o vereador Manuel Salgado considera fundamental que o novo Plano de Mobilidade para a Baixa desconecte as ligações entre a parte alta da cidade, por um lado, e o Terreiro do Paço e zona ribeirinha, por outro, para obstar a que a Baixa sirva o trânsito de atravessamento. Para o efeito, o Plano prevê alterar a estrutura radio-concêntrica da rede viária lisboeta, com intervenções que reforcem a capacidade das circulares internas (Poente-Nascente) e as grandes vias de atravessamento Norte-Sul, intervindo
sobre a rede de transportes colectivos (mais corredores bus, novas paragens, nova gestão de percursos e frequências, criação de transportes de proximidade em zonas antigas e em modos "suaves", reforço da capacidade dos interfaces de transportes do Cais do Sodré e do Terreiro do Paço e das estações terminais do Rossio e de Santa Apolónia), um aumento da capacidade de parqueamento (actualmente nos 3800 lugares) com mais 2100 lugares, reservando uma importante quota do estacionamento de superfície para os residentes e para cargas e descargas e, finalmente, a requalificação do espaço público com uma crescente valorização das áreas pedonais, quer por via das intervenções físicas (fechamento de artérias ao trânsito automóvel, criação de áreas pedonais equipadas com adequado mobiliário urbano, criação de novas zonas de atrevessamento pedonal, conservação de passadeiras, pistas cicláveis, etc.), quer pela introdução de regras "amigas" dos peões e da mobilidade de cidadãos deficientes.

Coube ao Director Municipal de Segurança e Tráfego, Pedro Moutinho, apresentar alguns aspectos concretos dos esquemas de circulação viária a implementar, sublinhando que a desconexão entre a Baixa e a zona ribeirinha já efectuada desde o mês passado, por motivo das obras em curso no Terreiro do Paço, serviu de teste experimental, já que permitiu reduzir em 38% o tráfego nas Ruas do Ouro e da Prata e em 40% na Avenida 24 de Julho, ao mesmo tempo que a utilização dos transportes da Carris aumentou em toda a rede 5%, aumento que na rede do Metro foi de 3,5% mas com as percentagens a duplicarem nas estações que servem a zona da Baixa. Assim, Pedro Moutinho defende a manutenção do esquema de desconectar as duas zonas referidas, obviando o tráfego de atravessamento, e a permanência de encerramento ao tráfego das laterais da Praça do Comércio, mas com o recurso a pequenas aferições após a conclusão das obras, com a abertura do tráfego na Avenida Ribeira das Naus (em Julho), aliviando a pressão actual sobre a Rua do Arsenal, que ficará, tal como outros locais, para uso preferencial dos transportes públicos, incluindo os autocarros de turismo.

Iniciando o período de debate, o professor Varter Rossa (especialista em questões da Baixa, tendo sido o comissário da exposição "Plano da Baixa, Hoje" e um dos responsáveis pelo dossier de candidatura da Baixa a Património da Humanidade), mostrou-se agradado por este "importante passo" embora defendendo que há que usar de soluções "não radicais", isto é, não se deve banir totalmente o transporte individual, mas buscar soluções de equilíbrio". Quanto ao Terreiro do Paço, defendeu a sua manutenção enquanto "terreiro, simples e com pavimento inerte", para acolher iniciativas efémeras e reforçando a ligação ao rio com o Cais das Colunas, recentemente reposto.

A participação do público, a que se juntou no período final o presidente da Câmara, António Costa, foi grande com cerca de duas dezenas (entre a centena e meia que compunha a assistência que acorreu a um auditório no piso superior da Estação do Rossio) a interpelarem a mesa com questões, reservas, incentivos ou, simplesmente, a apresentarem as suas próprias sugestões. De individualidades conhecidas da vida pública, como o arquitecto Nuno Teotónio Pereira, que congratulou a Câmara pela iniciativa, à arquitecta e vereadora Helena Roseta, que exprimiu a sua satisfação pela participação dos cidadãos no processo, passando por autarcas das freguesias, responsáveis associativos, comerciantes, moradores ou simples cidadãos interessados, foram muitos os que quiseram intervir. Entre as questões mais suscitadas destacam-se
o receio de que o novo esquema venha a sobrecarregar outras artérias, menos preparadas para grandes fluxos de tráfego e a desconfiança em relação à possibilidade de haver suficientes lugares de parqueamento para o que é proposto, por um lado, e as que incentivam soluções mais radicais, preterindo a possibilidade do uso do automóvel particular e benefício de outros meios de transporte nas mais variadas situações e zonas, por outro.

[2009-03-23]»

Sobre este plano de mobilidade, cuja apreciação e comentários já enviámos à CML, e que se encontra reproduzido aqui, convém acrescentar o seguinte:

A CML já fez asneira em ter começado pelo 'telhado' no caso dos barracões do Carmo. É que dificilmente, agora, a GNR libertará os ditos cujos sem ser 'indemnizada'. Ter-se-ia evitado tudo se tivessem estudado a situação antes de se porem a assinar coisas e a debitar para os jornais.

10/02/2009




Exmos. Senhores


No seguimento da abertura de debate público relativo ao «Novo Conceito de Circulação para a Frente Tejo, entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré», junto temos o prazer de enviar o contributo do Fórum Cidadania Lx.

Na expectativa quanto à receptividade destes nossos considerandos, tecidos na medida das nossas possibilidades, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.



Paulo Ferrero, Miguel Atanásio Carvalho, Virgílio Marques, João Chambers Jorge Santos Silva, Fernando Jorge e Mónica Albuquerque

04/02/2009

07/01/2009

Câmara aprovou hoje discussão pública do novo plano de mobilidade da Baixa

A Câmara de Lisboa aprovou hoje o envio para discussão pública do novo plano de mobilidade da Baixa, que proíbe o trânsito automóvel proveniente da Avenida da Liberdade e que atravessa aquela zona da cidade.

A proposta foi aprovada com os votos contra do movimento “Lisboa com Carmona” e do PSD, a abstenção dos Cidadãos por Lisboa e do PCP e os votos favoráveis do PS e do Bloco de Esquerda.

A aprovação da proposta foi revelada pela vereadora do movimento “Cidadãos por Lisboa” Helena Roseta, a única eleita a comparecer na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do executivo municipal.

Segundo a proposta conjunta do presidente da Câmara, António Costa (PS), e do vereador do Urbanismo Manuel Salgado (PS), o novo plano de mobilidade prevê "um corte na ligação da Baixa à frente ribeirinha" para o tráfego automóvel, à excepção dos transportes públicos.

De acordo com este novo conceito de mobilidade, todo o trânsito particular que chegue à Baixa proveniente de Norte, do Rossio ou do Marquês do Pombal terá que voltar para trás quando chegar ao último quarteirão da rua do Ouro.

"Mexer com o trânsito da Baixa tem implicações no resto da cidade"

O objectivo é alargar o espaço para peões e bicicletas na zona ribeirinha e no Terreiro do Paço, que passa a ficar com as duas vias que ladeiam a praça (a nascente e poente) livres de trânsito.

O projecto prevê igualmente que os automóveis particulares só possam ir na direcção Santa Apolónia/Cais do Sodré/Alcântara, e vice-versa, pela Ribeira das Naus, e que o estacionamento na zona fique reservado a moradores e comerciantes, incluindo a construção de novos parques subterrâneos no Campo das Cebolas e junto ao edifício das agências internacionais, ao Cais do Sodré.

Para Helena Roseta, com esta proposta a autarquia está a "pôr a carroça à frente dos bois", defendendo que deveria ser antecedida de um "plano de mobilidade" da cidade.

"Mexer com o trânsito da Baixa tem implicações no resto da cidade", sublinhou.

Helena Roseta considera igualmente que o plano é omisso quanto à circulação por bicicleta, que deverá ligar o Parque Eduardo VII a Monsanto e que, segundo a vereadora, deveria prosseguir até rio através da Avenida da Liberdade e da Baixa.

Helena Roseta referiu ainda ter recomendado ao vereador do Urbanismo que crie condições para que a discussão pública, por um período de 30 dias úteis, seja o mais participada possível, alargando-a ao conjunto da cidade e não apenas à Baixa, dadas as repercussões que terá noutras zonas da capital.
In Publico.pt