02/07/2009

Não se deve banalizar o Terreiro do Paço

In Público (1/7/2009)
Por Ana Vaz Milheiro e Isabel Salema

«Uma praça limpa, minimamente organizada, que ganhe espaço para os peões. Não é preciso muito mais. O motivo principal para ir lá deve ser a própria praça, a relação com o rio.

Tudo o resto virá por arrastamento.


Luís Bruno Soares espera que as imagens que apresentou na semana passada para o desenho do Terreiro do Paço, em Lisboa, sejam as últimas. Depois das críticas ao seu estudo prévio, o projecto foi alterado em vários detalhes.

Conhecido pela sua intervenção na grande escala, o urbanista foi convidado em 2007 pela Sociedade Frente Tejo para fazer o projecto de espaço público geral entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia. Ao mesmo tempo, Bruno Soares ficou também com o desenho urbano da Praça do Comércio, uma das zonas individualizadas na zona ribeirinha. Há algumas semanas, a Frente Tejo anunciou que o Campo das Cebolas e a Ribeira das Naus teriam um projecto específico, devendo em breve ser lançado o concurso público para o Campo das Cebolas.
Nesta entrevista, o arquitecto diz que as pessoas que trabalham à escala urbana percebem melhor a complexidade dos problemas de um projecto como este. Explica também que as condutas e outros acontecimentos no subsolo condicionam a altura da placa central. Mas os degraus que aí desenhou não são gato escondido com rabo de fora.
Bruno Soares é contra a banalização da praça e acha que não se deve fazer a revitalização do Terreiro do Paço com funções que podem estar noutro sítio. As esplanadas vão ficar fora da placa central, são só para o Verão e não vale a pena impor um limite à sua dimensão, porque não há cafés e restaurantes que consigam ocupar 5000 metros quadrados.
Objectivo principal do projecto: ganhar espaço para o peão.
Disse publicamente que o Terreiro do Paço tinha batido no fundo. Como é que o seu desenho vai ajudar a novos usos?
Acho que quando a praça estiver limpa, minimamente organizada em termos da relação peões/automóveis, se pode ganhar muito.
Na revitalização da Praça do Comércio, tenho discordado que se tenha que fazer à pressão, naquela ansiedade de criar actividades que tragam as pessoas de qualquer maneira. Seja o que for, acho que não se deve banalizar a praça.
Se a praça tiver condições de as pessoas a utilizarem livremente, isso, só por si, vai ser a grande atracção do sítio. As pessoas hão-de ir àquela praça, porque é um sítio extremamente interessante.
O que vão lá fazer? É um espaço contemplativo? Estávamos a falar dos usos.
Isto é banal, mas estou convencido que Lisboa pode ter na Praça do Comércio a peça histórica que qualquer turista se sente obrigado a ir ver, a passar lá e a estar. Os cafés são complementares disso, obviamente que é útil estarem, mas o motivo não é o café.
Hoje as pessoas já fazem isso, a Praça do Comércio já é um monumento obrigatório.
É, mas não tem condições.
Ganham espaço para os peões para fazer o quê?
Para as pessoas passarem lá.
As pessoas já passam lá.
Não, as pessoas não passam lá. É possível criar condições em que o motivo principal para ir seja a própria praça, a relação com o rio, tudo o resto vem por arrastamento Aquilo devia ser uma centralidade cultural, um conjunto de espaços e equipamentos que não sejam museus.
Que equipamentos?
Perceber a importância histórica daquele espaço, o que é a reconstrução pombalina. Perceber, no sítio, o que foi o terramoto, o que foi a Praça do Comércio até hoje. Isso tem que se contar no sítio. Há meios, há técnicas, de explicar isso às pessoas. Aquilo sempre foi uma praça de representação e de poder. Acho que as instituições actuais do nosso sistema não deviam desaparecer completamente dali. Não a devemos banalizar. Não deviam sair os ministérios todos.
Essa ideia de lugar de representação é compatível com as esplanadas e os chapéus que apareceram nos seus desenhos? Isso não é fazer do Terreiro do Paço uma sala de estar, aquilo que contesta?
Não. O exemplo de uma praça que pode ser uma sala de estar é Salamanca, que está cheia de esplanadas e as famílias encontram-se aí. Não é isso. Está mais próximo disso o Rossio do que a Praça do Comércio. A praça é tão grande, que o grande erro que se fez nos últimos anos foi levar para a placa central cafezinhos, quiosques e outras coisas para juntar as pessoas. As pessoas, pelo contrário, vão tendencialmente juntar-se nas bordas - e as bordas são as arcadas. Não vejo problema em que existam toldos.
Não é uma forma de banalização da imagem da praça?
Não, se não for dominante. O [café] Martinho da Arcada está lá.
Acho que banalizar é agarrar naquela praça e procurar fazer revitalização apenas com funções que podem ser feitas noutro sítio qualquer e que não fazem a diferenciação da praça. Agora se as funções culturais, institucionais, políticas, privadas, o que for, estiverem lá e forem dominantes, se continuar a existir uma carga de representação naquela praça, acho que aquilo convive, como já conviveu, com actividades comerciais...
Falou muitas vezes de as árvores impedirem uma leitura de continuidade. Os chapéus não podem ter o mesmo efeito? Existirão limites ao uso de esplanadas no Terreiro do Paço ou os passeios laterais serão para ocupar todos com esplanadas?
Não vai ser possível. Isso é um dos enganos. Cada passeio destes, com o alargamento, fica com 2500 metros quadrados. Não há esplanadas que ocupem 5000 metros quadrados. Nem vai haver cafés e restaurantes dentro dos edifícios com essa capacidade.
Tenho a impressão de que a surpresa vai ser o contrário, aquilo vai ser uma mixuriquice, desculpem o termo, porque não é possível ocupar aquele espaço todo.
Não vejo problema nenhum nas esplanadas. Até porque é uma coisa temporária [só estarão no Verão].
Porque é que assume o afundamento do torreão poente como pretexto para o desenho da placa central da praça, através da incorporação de desenhos?
A história do afundamento do torreão poente surgiu na altura em que começaram a construir a praça, portanto é um acontecimento histórico daquela praça. Até agora, esconde-se, esbate-se...
Há muitas formas de pormos a história a falar. Acha que é possível que a partir de um canto, com 60 centímetros de altura, se vá perceber que há um afundamento?
Não. É preciso haver um sítio que explique as várias coisas da praça. Os projectos têm que valorar coisas. Não é irrelevante que se construa uma praça daquelas, com uma determinada cota de implantação, e depois haver uma situação que não cumpre esse objectivo.
Mas é assim um assunto tão interessante para ser um tema do desenho de uma praça daquela dimensão?
É uma constatação.
Há algum problema, uma conduta, por exemplo, que tenha obrigado ao levantamento da praça para haver aqueles degraus no fim da plataforma central?
Há duas coisas no subsolo que nos condicionam. À frente da estátua de D. José há uma caixa muito grande de válvulas que vai ser construída, ou já foi, pela SimTejo. E que nós no ano passado andámos a discutir para eles rebaixarem e o máximo que rebaixaram foi 30 cm. A caixa condiciona-nos o ponto de partida para o rio e o perfil lateral. Mas isso, pronto, consegue-se fazer. No outro sentido, mais à frente, a conduta da EPAL passa por cima dos colectores da SimTejo. Isso obriga-nos a passar uma certa cota acima da conduta da EPAL e depois descer para o Cais das Colunas.
Mas eu não lhes quero mentir. Eu podia agarrar nesta cota, e estou condicionado aqui pela tal caixa, mas depois posso começar a afundar porque aquilo é tão grande...
A conduta condiciona a cota da praça, mas não me obriga.
É que assim os degraus têm outra explicação.
Mas não é a explicação que eu quero dar [risos].
A razão para os degraus é muito enigmática e rebuscada. Parece gato escondido com rabo de fora...
Se houver um parecer daqueles determinantes, "não senhor não há degraus", isto consegue resolver-se. As condutas são anteriores ao projecto que tinha que lidar com este dado.
Existiu um erro de projecto nas infra-estruturas?
A questão é que foi preciso compatibilizar uma série de coisas que não estavam compatibilizadas. A EPAL tinha um projecto, a SimTejo tinha outro... Para o bem ou para o mal, entrámos numa altura em que pudemos levantar algumas questões e eventualmente corrigi-las. Há uma série de instalações, cabos de comunicações militares, etc., que ninguém sabia onde estavam. Agora já se sabe.
Há vários acontecimentos na placa central da praça: marcações no pavimento, degraus, rampas... Os degraus servem também para introduzir o Cais das Colunas?
Esta escala mais pequena permite, sem prejuízo da unidade da praça, introduzir uma situação que revela às pessoas que se estão a aproximar de um espaço e de um elemento que acho que é o mais importante da praça - o Cais das Colunas. Foi muito importante sob vários aspectos e perdeu parte da sua importância porque perdeu a funcionalidade da relação com o rio e com o mar.
Numa praça desta dimensão, não era possível solucionar os acessos a deficientes de um outro modo, sem ser a colocação das rampas junto aos degraus?
Legalmente aquelas rampas nem são classificadas como tal porque têm menos de 3 por cento. Como princípio, temos que criar condições para que todos possam fazer o percurso.
A Câmara Municipal de Lisboa forneceu algum programa para o projecto?
A reflexão foi minha. É anterior. Havia um programa, mas não da câmara. A câmara é que decide o plano de circulação automóvel. Tudo o que é rede viária estamos a trabalhar directamente com eles.
Em relação ao programa de utilização da praça, estão a passar-se outras coisas: está a ser desenvolvido pela Sociedade Frente Tejo um estudo de urbanismo comercial para utilização da parte edificada; estamos a fazer uma proposta que vamos discutir com os serviços da câmara ligados aos eventos para criar o sistema de infra-estruturas técnicas.
Portanto estamos a procurar preparar a praça com algumas condições - caso dos pavimentos - para vários tipos de usos. Vamos articular com a câmara - temos articulado em termos de princípios gerais - e agora vamos acertar pormenores construtivos.
Não há um programa de utilização da praça?
Este projecto de intervenção tem por base um documento estratégico que foi elaborado pela Parque Expo e que dá as grandes orientações.
De onde vêm as larguras das esplanadas?
É proposta minha.
Não havia especificações além do trânsito, alguma reflexão que a câmara ou a Parque Expo tivessem feito sobre o Terreiro do Paço?
Produziu esse documento estratégico.
E o que diz?
O documento trata de uma zona mais alargada. Define princípios. Eles já tinham um plano de circulação que depois a câmara reformulou. Princípios de organização de espaço público...
O que é que isso quer dizer? É tão vago...
O documento é vago, é um documento estratégico.
Quando o convidaram para fazer o Terreiro do Paço, sentiu que o que lhe era pedido era suficientemente claro?
Fiz parte do Comissariado para a Baixa-Chiado nas propostas para a zona ribeirinha, aquele comissariado que foi presidido por Maria José Nogueira Pinto...
A reflexão mais aprofundada que foi feita para o conjunto e para ali foi a reflexão produzida pelo Comissariado da Baixa-Chiado. Uma coisa que é importante é não isolar a Praça do Comércio do resto. Fazer-se um projecto articulado com a Ribeira das Naus e a Baixa...
Quando entramos na escala do desenho isso ajuda?
Ajuda. A compreensão de como é que se relaciona com a envolvente. Vai ser fundamental para o funcionamento da Praça do Comércio a relação com a Baixa, até aos Restauradores, como um grande centro de actividades que tem de se revitalizar. Toda essa zona.
Mas não havia um programa especificamente para ali? Pediram-lhe que fizesse um desenho para um pavimento?
Também é isso, mas não só. O projecto pedido foi um projecto de espaço público para a zona geral Cais do Sodré-Santa Apolónia e, especificamente, integrando o Terreiro do Paço. Isto implica as componentes de circulação, dos vários usos que estão previstos, e aqui o estudo comercial pode ser uma componente importante (mas só por si acho que não) e objectivamente ganhar espaço para o peão.
Não acha pouco o objectivo "ganhar espaço para o peão", quando falamos numa praça deste significado?
Eu entendo. Onde se avançou mais foi no âmbito do Comissariado da Baixa-Chiado. Inverter a relação de usos na praça entre carros e peões foi um dos princípios avançados. Isso é importantíssimo.
Fala-se da complexidade da obra para justificar a ausência de concurso público. Esta é uma obra complexa?
O principal argumento foram os prazos. A complexidade que existe é no sentido de coordenar os vários trabalhos e especialidades.
Em que é que o concurso público tornava isso mais complexo?
Penso que podemos estar a usar a complexidade noutro sentido. Em termos de execução não é fácil, porque é um espaço que existe e que está a funcionar.
É muito diferente passar da grande escala do planeamento urbano para a pequena dimensão da praça?
Trabalho nesta zona há 11 anos. A seguir ao Plano Director de Lisboa convidaram-me para acompanhar e estudar o impacto do projecto do túnel [rodoviário] do Terreiro do Paço... Entre um PROT [Plano Regional de Ordenamento do Território] e uma Praça do Comércio, acho que é diferente... Entre um projecto, como o da Frente Ribeirinha contido aqui, e dar o passo para uma intervenção do espaço público, que é também o que temos feito, acho que há uma relação muito forte. Se quiserem, mais forte que entre um projecto de arquitectura e um projecto de espaço público.
Está a dizer que um urbanista tem o perfil correcto para desenhar um espaço como a Praça do Comércio. É isso?
Não sou eu. Qualquer urbanista. Depende das pessoas. As pessoas que trabalham à escala urbana percebem melhor a complexidade dos problemas - um urbanista tem mais condições para trabalhar o espaço público com os seus diversos graus de complexidade. O que não significa que não existam arquitectos que também consigam.


TEMAS

01.07.2009




Depois das críticas, Luís Bruno Soares alterou pormenores do projecto para o Terreiro do Paço. Entre os "ajustes" que fez, destacou a transição para o Cais das Colunas. Em geral, acha que conseguiu "melhorar" a proposta e "encontrar soluções mais ajustadas".
Na fase inicial, reconhece, exageraram algumas soluções, como o desenho dos losangos que agora foi atenuado através da escolha dos materiais: "Empolámos determinados aspectos, havia uma marcação demasiadamente forte de determinadas intenções. Mesmo com as cores, marcámos demasiado as diferenças. Na relação dos mesmos materiais, atenuámos os contrastes e as diferenças de cores."

Passeio central
Um dos aspectos mais contestados do projecto, o desenho de um passeio entre o Arco da Rua Augusta e o Cais das Colunas no pavimento, foi eliminado. "Mudámos a questão do percurso central, que marcava com um passeio o eixo, que aparecia claramente desenhado."

Escadas para
o Cais das Colunas
O semicírculo que completava o pavimento do Cais das Colunas também desapareceu. "Na transição para o Cais das Colunas, acho que acertámos com as mudanças, aquilo fez o encaixe."
Os quatro degraus que marcavam o fim da placa central, na sua transição para o rio, foram também substituídos por dois conjuntos de dois degraus. "Mudámos o desenho e a forma de articulação da placa central com o cais. Isso foi quase como o desenvolvimento do projecto, porque tínhamos dúvidas, porque não estava resolvido em termos de escadas e de articulação. Sabíamos que aquilo ainda não estava agarrado e continuámos a trabalhar, inclusivamente na relação entre a rampa dos deficientes e as escadas. Havia remates que já sabíamos que iam criar problemas. As críticas ajudaram a perceber a sensibilidade também das pessoas e de algumas entidades."

Degraus do passeio lateral
Desapareceram os degraus do passeio lateral. "Aquela marcação que temos a poente, da diferença de cota para o torreão poente, estava marcada [lateralmente] na placa central mas também no passeio lateral, quando ele começa a afundar. Havia aqui também uma diferença de três degraus. Podia ser redundante."

Base da estátua
"A outra marcação que caiu foi a da base da estátua. Aí trabalhámos com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), que fez uma crítica pertinente. Podia parecer que estávamos a fazer um segundo pedestal.
Sempre achei, durante muito anos, que a praça é muito grande em relação à dimensão da estátua. Há uma coisa que para mim estava errada no Terreiro do Paço: o perfil do pavimento é côncavo, de tal maneira que comeu um degrau à base da estátua. As galerias, em relação à modelação da praça, estão nas cotas mais baixas. A Rua do Ouro está cerca de 60 centímetros acima da galeria.
Vamos fazer a inversão das pendentes na praça."

Os materiais
"O mármore verde da parte central desapareceu completamente. Temos lioz e terraway na placa central, cubos de granito na calçada, vidraço [calçada portuguesa] no passeio ribeirinho junto ao rio e depois [nos passeios esplanada] base lioz com riscas em pedra de tonalidade vermelha e preta. Estamos a falar de cinco a seis materiais diferentes."

Terraway, material permeável
"Estivemos a estudar dois tipos de pavimentos para a placa central - este terraway, que é uma gravilha em pedra de lioz - e andávamos a estudar o active soil, que é um saibro agregado que os franceses têm colocado no património.
Não é terra solta, mas dá uma sensação de terreno, e tem a vantagem de ser permeável porque é poroso. São pavimentos que precisam de uma estrutura que o contenha. A malha que fizemos ajuda a conter, porque este material é aplicado sobre uma base de brita. Quando há muita chuva corre superficialmente para as calhas. Se usarmos a gravilha da mesma pedra das faixas, a diferença será só da textura."

Diagonais mais finas
"Procurámos inicialmente uma métrica da praça a partir das arcadas. Não se consegue métricas regulares na relação das fachadas laterais com a fachada central. Mas nós partimos da métrica das arcadas e obtivemos uma malha reticulada. No trabalho do desenho dessa métrica, a certa altura, optei por marcar as diagonais em vez de estabilizar o desenho da placa central. O desenho das diagonais em termos construtivos vai ajudar-nos a conter os pavimentos.
Na fase anterior, como o pavimento era impermeável, a malha era um sistema de caleiras para escoamento da placa central. Agora, as faixas [dos losangos] diminuíram e passámos de faixas de 80 cm para faixas de 60 cm."
Os novos desenhos:
http://static.publico.clix.pt/docs/local/novasimagensterreiropaco/
Os desenhos anteriores:
http://static.publico.clix.pt/docs/local/terreiropaco/»

6 comentários:

Anónimo disse...

Com tantas mudanças porque não aproveitar a leva e mudar o arquitecto?

Arq. Luís Marques da silva disse...

Este é um projecto a "imitir", ou seja, é um projecto que só imita/va e que portanto é um projecto a mentir:
-É um projecto onde se imita a terra de um terreiro;
-É um projecto onde se imitam as cartas de marear;
-É um projecto onde se imitam plataformas;
-É um projecto onde se imitava o verdete da estátua;
-É, em suma, algo que é uma mentira, uma ilusão; e aquilo não é a Disneylândia!
O terreiro do Paço merece algo de verdadeiro e simples, algo que seja contemporâneo mas digno.
E um pavimento de pedra "plastificada", por mais que se use em Paris (se calhar a empresa fabricante é francesa), não é verdadeiro, não é digno daquela nossa praça:
Aquilo é para um Pólis da Costa de Caparica.
Se quer Terra no Terreiro, assuma com verdade esse tipo de pavimento no seuprojecto e use saibro natural; nos parques existe e é muito bonito!
Se quiser algo mais mais urbano, mais forte, assumindo a placa central como o centro de uma praça real do sec XVIII, utilize o lageado de pedra, com dignidade mas, acima de tudo, com verdade.
Compreendo a dificuldade que existe em nos desfazermos de algo por nós criado:
De um projecto ao qual emprestamos horas e esforço do nosso trabalho; sei como é difícil ver esse mesmo trabalho, criticado e desmerecido. Mas também sei e entendo, que a pressão exercida sobre o arquitecto, terá sido mais que muita...
Porque sei, como se passam estas coisas do "sob pressão" e sei que estas obras, servem mais para cumprir prazos e calendários, do que para enriquecer patrimonialmente as cidades, é que peço para que Bruno Soares, numa atitude de elevação e dignidade, ponha de lado essas pressões e dê ouvidos ás vozes das forças vivas que, no seu conjunto, só querem o bem de Lisboa.
Bruno Soares refaça a sua ideia base do projecto e dignifique o TP, Lisboa, o país e o seu nome.

Anónimo disse...

Ja que es arq. porque nao aproveitas a oportunidade para fazer um projecto para a praça? Apresenta-o à CML e se te disserem que já está adjudicado pergunta pelo concurso.

Arq. Luís Marques da silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
S.O.S. disse...

Entre os "zombies" que aparecem nas imagens, perdidos pelo meio da aridez deste projecto na grande praça... e os automóveis que lá estacionavam numa época recente... talvez com os automóveis a praça tivesse mais vida!

Mas nesse caso os tipos da publicidade já não iam ganhar tanto... Esse projecto do Urbanismo Comercial... é mesmo em grande escala...

Anónimo disse...

LiMitado da silva!