27.06.2012 Por Lucinda Canelas, Carlos Filipe in Público
Os vereadores da oposição na Câmara de Lisboa contestaram na reunião desta quarta-feira a contratação do escritor António Mega Ferreira para a elaboração de um estudo sobre os museus da capital, por cerca de 19 mil euros. Ainda assim, a encomenda foi aprovada.
Com um prazo de elaboração de quatro meses, o estudo a realizar pelo ex-presidente do Centro Cultural de Belém (CCB) envolve todos os museus camarários e visa uma renovação do Museu da Cidade.
O objectivo, segundo a vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto – autora da proposta em conjunto com a vereadora das Finanças, Maria João Mendes -, é criar “um programa criativo, uma estratégia” para os museus municipais. “Para isso não precisamos de um museólogo mas de alguém que esteja habituado a pensar a cultura e a cidade”, justifica Catarina Vaz Pinto.
A proposta foi aprovada com os votos favoráveis do PS e do vereador independente Sá Fernandes (eleito pelo PS). O PCP e os vereadores do movimento Cidadãos por Lisboa (também eleitos pelo PS) abstiveram-se, e o PSD e CDS votaram contra.
Na reunião, a oposição não contestou as credenciais de Mega Ferreira, mas sim o carácter despesista da medida. Para o PSD, o maior partido da oposição, esta constratação é “um insulto” aos funcionários municipais que têm visto os seus salários reduzidos, e um “atestado de menoridade” aos técnicos da Cultura.
Já o CDS falou da “virtualidade” de mais obra que nunca irá ser feita, e da subalternização de medidas sociais face às culturais, que deveriam estar na primeira linha dos investimentos camarários. O PCP, por sua vez, destacou a (falta de) oportunidade da despesa e da incerteza da concretização de qualquer projecto, quando a câmara tem recursos próprios para realizar esse estudo.
A vereadora contrapõe: “Não estou a desvalorizar os nossos técnicos, estou apenas a dizer que nunca foi feita apesar das tentativas e que pode ser vantajosa uma visão exterior.” Na opinião de Catarina Vaz Pinto, “Mega Ferreira conhece muito bem a cidade e é um gestor cultural de grande competência”, que possui uma “visão estratégica para Lisboa e para os seus museus.”
O escritor promete arregaçar as mangas e começar a trabalhar já na próxima semana com os directores e técnicos dos museus. E até já tem um plano de trabalho traçado: “É preciso analisar os dados, mas para já interessa-me ver quais são os problemas principais, como podemos pôr os museus a falar com os monumentos em volta, com as praças e os jardins, com as ruínas, com a cidade.”
Interessado em criar um projecto “que seja exequível, útil”, Mega Ferreira diz que “não vale a pena criar um projecto demasiado ambicioso que depois fique na gaveta por falta de verbas”. Para o escritor, que foi também comissário executivo da Expo-98, “o Museu da Cidade está ultrapassado em termos de narrativa”. Este equipamento “tem de contar outra história da cidade, uma história que não acaba no início do século XX”, considera.
2 comentários:
"Para o PSD, o maior partido da oposição, esta constratação é “um insulto” aos funcionários municipais que têm visto os seus salários reduzidos, e um “atestado de menoridade” aos técnicos da Cultura."
Terá sido o sr. Santana Flopes que tal coisa declarou, uma vez que todo e qualquer lisboeta ignora o que a criatura faz na CML?
O título deste 'post' diz tudo e é muito apropriado. Aceitando - o que não é pacífico - a necessidade imperiosa e urgente de tal estudo, não competiria a uma Câmara Municipal que vive à custa do dinheiro dos contribuintes lançar um concurso público de ideias? Aí o nosso estimado AMF concorreria e com certeza venceria esse concurso ficando assim isento deste e de outros 'reproches'.
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