Por Gastão Brito e Silva in Público
Por vezes a nobilíssima palavra "Cultura", que tanto carisma transporta, é utilizada com pompa e circunstância promovendo valores que todos defendemos. A nossa identidade dela necessita para se afirmar, e o nosso futuro dela depende. Em nome da Cultura executam-se projectos megalómanos, promovem-se carreiras, e atribuem-se prémios que visam distinguir com justiça quem mais e melhor contribui para toda uma sociedade pretensamente culta e evoluída, enquanto paradoxalmente desprezamos o que de melhor temos. A propósito de um dos prémios mais prestigiantes recentemente atribuído em nome da cultura portuguesa, o Prémio Pessoa, lembrei-me de neste espaço referir a importância do nosso património cultural e como todos os dias é descurado. É com a preservação do património que mantemos a nossa cultura, e não com efémeras e espectaculares iniciativas politicamente correctas, que nos condenam a curto prazo. Há dois anos foi demolido em Lisboa um edifício Arte Nova. A sua estrutura não inspirava cuidados e a sua traça era bem característica desse estilo, a sua localização era lucrativa... Nesse prédio habitou Fernando Pessoa, o ilustre vulto que hoje empresta o seu nome a um dos mais altos galardões da Cultura portuguesa... coitado deve ter dado umas voltas no túmulo e reformulado o que um dia pensou... Ó património vandalizado / Quanto do teu mal são as eminências pardas de Portugal... / Por te descurarmos quantos prédios derrocaram / Quantos tesouros não reabilitaram / E quantos mais estão para ruir / Para mais mamarrachos construir... / Será que vale a pena? / Nada vale a pena quando a alma se torna pequena / Quem quer ter alguma glória / Tem que preservar a sua história / Deus nos valham os perigos e abusos seus / Antes que nos tornemos todos ateus.
2 comentários:
O problema de Lisboa não é a insensibilidade face à cultura, mas antes uma cartelização e estupidez inata. Por exemplo este edifício, assim como muitos outros das avenidas novas foram demolidos e no seu lugar, construídos prédios da Cafe, de aspecto kitsch e de fotocópia, de relembrar que não existe procura para novas habitações em Lisboa, e a atribuição de todas estas novas construções para a CAFE é no mínimo duvidosa...
Este "artista" é uma fraude intelectual.
Gosta de se fazer passar por arquitecto, embora não tenha qualquer tipo de licenciatura - também é conhecido como o ANALFABETO DO CHAPÉU.
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