07/03/2006

Azulejos da Infante Santo a morrer aos bocadinhos

"Nem o facto de terem sido criados por grandes nomes das artes portuguesas livra os painéis de azulejos da Av. Infante Santo, em Lisboa, de morrer aos bocadinhos, todos os dias. Hoje cai um quadrado. Amanhã roubam outro. As belíssimas paisagens coloridas criadas por Júlio Pomar, Alice Jorge, Sá Nogueira e Carlos Botelho parecem uma dentadura suja e nalguns sítios cheia de cárie, e as promessas de estima eterna da sua desleixada proprietária, a Câmara de Lisboa, pouco passam disso mesmo.

"Na altura das eleições, a Junta de Freguesia da Lapa disse que os painéis iam ser arranjados", conta a empregada da farmácia que ali existe. "Só arranjaram um, o de Maria Keil." E mesmo este já foi vandalizado por grafitti, após um acidentado processo de restauro. A mesma empregada costuma ouvir os comentários dos turistas que deparam com tanta incúria: "Tão bonitos mas tão degradados! Que pena." A vizinhança também assiste, impotente, à degradação galopante: "É deplorável, de lastimar". Todos os painéis datam dos anos 50, à excepção do último, cujos cubos cor-de-laranja salientes foram concebidos para o local por Eduardo Nery no âmbito da Lisboa 94 - Capital da Cultura. Mas nos 12 anos que leva de vida, este trabalho também já ganhou muita experiência no que ao esquecimento diz respeito. Os alegres cubos vivem hoje os seus dias emporcalhados e cobertos de grafitti, num destino muito semelhante ao dos seus irmãos mais velhos.

A câmara diz estar "a fazer um levantamento dos azulejos que faltam aos painéis". Deve ser coisa difícil: é que já em 2004 esse levantamento decorria
."

In Público (7/3/2006)

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre o descaminho de azulejos, e a sua comercialização, que tal visitar periodicamente este site americano, propriedade do ex-presidente da Associação Portuguesa de Antiquários.

http://www.solarantiquetiles.com/

Não obstante não duvidarmos da licitude desta actividade comercial que não nos compete pôr em dúvida, é pertinente a interrogação de quantas das exportações definitivas de pedras históricas e azulejos com mais de cem anos é que foram autorizadas pelo Ministério da Cultura ?