" (...) Parte das ruínas romanas descobertas recentemente nas imediações da Torre de Belém, durante trabalhos preliminares destinados a criar no local um hotel de charme, vão ter de ser preservadas e integradas no projecto da unidade hoteleira. Este é o teor de uma recomendação feita pelo director do Instituto Português de Arqueologia, Fernando Real, aos proprietários do terreno onde se ergue a antiga casa do governador da Torre de Belém, que irá ser reconvertida em hotel. (...) debaixo do pátio da casa e sob as caves do próprio edifício existe uma grande fábrica romana de salga de peixe e de produção de molho de peixe, provavelmente datada dos sécs. I-III d.C. "Trata-se de um achado espectacular", observa o presidente do IPA (...).
O entusiasmo dos arqueólogos provém não da raridade dos vestígios - que não são de forma nenhuma inéditos - mas da sua localização e dimensão. A escavação continua a decorrer, não tendo ainda sido determinada a dimensão total da antiga fábrica, e mesmo assim um dos arqueólogos nela envolvidos, António Valera, da empresa Era, diz que já se pode afirmar estarmos perante "uma das maiores do estuário do Tejo, se não a maior" (...) .
Trata-se de mega-recipientes de pedra (cetárias) revestidos a reboco. O maior dos que existem na antiga casa do governador mede sete metros de comprimento por quatro ou cinco de largura, e deverá ser um dos poupados à destruição. As restantes cetárias serão desenhadas, fotografadas e estudadas antes de darem lugar ao estabelecimento hoteleiro. As que se encontram em pior estado são as que ficaram debaixo do palácio do governador, que data do séc. XVII, e que foram aproveitadas para lhe servir de fundações (...)".
In Público (22/3/2006)
Ou como ruínas viram vantagem comparativa em futura unidade hoteleira. Mas voltando a esta casa do antigo governador da Torre de Belém, cujos processos de venda e aprovação de projecto hoteleir foram polémicos (porque uma vez mais sofrendo de múltiplas incongruências processuais a nível da CML e do IPPAR), é bom que ela acabe em bem, para todos: Belém, o edifício em si, que é desconhecido da maioria esmagadora da população, e para a nossa História ... assim o projecto de hotel seja realmente de charme.
PF
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