Protagonista do 'lisboagate' colocada em suplente no PS

In Diário de Notícias (19/8/2009)
por JOÃO PEDRO HENRIQUESHoje

«Dois dos mais importantes vereadores de António Costa na Câmara de Lisboa - Ana Sara Brito (Habitação) e Cardoso da Silva (Finanças) - foram colocados em suplentes na lista candidata ao próximo mandato. A candidatura do PS conta com a mulher de Guterres e, na lista para a Assembleia Municipal, com dois nomes de peso no panorama cultural


Ana Sara Brito, vereadora do PS na Câmara Municipal de Lisboa (CML) e protagonista, pelo lado dos socialistas, no chamado Lisboagate, já não voltará ao executivo camarário. A autarca ocupa o primeiro lugar suplente na lista à câmara apresentada por António Costa. A vereadora detém os pelouros da Habitação, Acção Social e Abastecimentos. Não foi ainda tornado público quem a substituirá neste pelouro caso a lista do PS vença as eleições. No actual mandato, Helena Roseta - a número dois da lista de António Costa - tem tido responsabilidades na área da Habitação.

Outra "queda" na mesma lista foi a do actual titular no executivo lisboeta do pelouro das Finanças, Cardoso da Silva. Será agora o segundo suplente na lista dos socialistas ao executivo camarário. Se a lista do PS vencer as eleições, Cardoso da Silva deverá ser substituída na pasta das Finanças camarárias pela economista e gestora Maria João Azevedo Mendes, que ocupa o 9.º lugar na lista do PS.

Duarte Moral, assessor de imprensa de António Costa, explicou ao DN que mesmo antes de o actual mandato se iniciar, há dois anos, Ana Sara Brito e Cardoso da Silva tinham revelado só querer cumprir este mandato no executivo. O DN tentou contactar tanto Ana Sara Brito como Cardoso da Silva - em vão.

Ana Sara Brito tornou-se protagonista do Lisboagate (entrega discricionária de casas pela Câmara de Lisboa, independentemente da situação económica dos beneficiários) ao saber-se que durante 20 anos (de 1987 a 2007) usufruiu de uma dessas casas, na Rua do Salitre, onde nunca pagou mais do que 146 euros de renda/mês (e recebendo a vereadora uma pensão mensal de mais de 3000 euros). A casa foi-lhe atribuída por Krus Abecasis, então presidente da CML, sendo na altura Ana Sara Brito sua vereadora (eleita nas listas do PS).

Em Setembro de 2008, Ana Sara Brito deu uma conferência de imprensa onde afirmou a intenção de se manter no executivo liderado por António Costa, apesar de toda a polémica do caso. "Continuarei, apesar de alguns não o desejarem, com a mesma determinação, a trabalhar de acordo com o programa eleitoral", afirmou.

O Lisboagate redundou numa investigação judicial, conduzida pela equipa da procuradora Maria José Morgado. A antiga vereadora do PSD Helena Lopes da Costa (eleita na lista de Santana Lopes, em 2001) está acusada de abuso de poder, bem como duas suas colaboradoras e uma funcionária da CML. Santana Lopes foi arguido mas ilibado de suspeitas.»