Num espaço de dez anos, talvez nem tanto, e pensando apenas num passado recente, Lisboa...
… recusou o espólio de Alfredo Keil, deixando-o "fugir" para Torres Novas e negando à família a vontade expressa de que ele aqui permanecesse;
… destruiu, com a mesma deselegância e impunidade, a última casa de Almeida Garrett, mesmo sabendo que ela representara, não mais uma, mas a casa da sua vida;
… desfigurou de forma irreversível a última casa-atelier de José Malhoa, na Travessa do Rosário;
… prepara-se muito provavelmente para fazer o mesmo à casa de sempre do olisipógrafo Augusto Vieira da Silva;
… já este mês, espécimes raros na obra gráfica de Rafael Bordalo Pinheiro, constantes de uma colecção privada, ficaram nas Caldas da Rainha – não há notícia de que Lisboa tenha esboçado um gesto de interesse pela sua aquisição.
Caldas, segunda terra de Rafael Bordalo, fará certamente um belíssimo trabalho com o espólio que acolheu, tal como Torres Novas o fará, no âmbito do projecto "Cidade Criativa", com o legado de Alfredo Keil. Relativamente a este último, resta apenas saber o que fará Lisboa à sua casa da Avenida da Liberdade, agora que os "ventos do progresso" estão a poucos metros dela: a totalidade do quarteirão vizinho tem, desde Julho, um pedido de ampliação nos serviços "competentes". Pudessem as casas mover-se e elas seriam honradas noutros lugares, que não nesta cidade que não quer, nem sabe, fazê-lo.
Nas imagens, fotografia de época do prédio da Avenida da Liberdade, tornejando para a Praça da Alegria, onde Alfredo Keil viveu; o mesmo imóvel na actualidade
… recusou o espólio de Alfredo Keil, deixando-o "fugir" para Torres Novas e negando à família a vontade expressa de que ele aqui permanecesse;
… destruiu, com a mesma deselegância e impunidade, a última casa de Almeida Garrett, mesmo sabendo que ela representara, não mais uma, mas a casa da sua vida;
… desfigurou de forma irreversível a última casa-atelier de José Malhoa, na Travessa do Rosário;
… prepara-se muito provavelmente para fazer o mesmo à casa de sempre do olisipógrafo Augusto Vieira da Silva;
… já este mês, espécimes raros na obra gráfica de Rafael Bordalo Pinheiro, constantes de uma colecção privada, ficaram nas Caldas da Rainha – não há notícia de que Lisboa tenha esboçado um gesto de interesse pela sua aquisição.
Caldas, segunda terra de Rafael Bordalo, fará certamente um belíssimo trabalho com o espólio que acolheu, tal como Torres Novas o fará, no âmbito do projecto "Cidade Criativa", com o legado de Alfredo Keil. Relativamente a este último, resta apenas saber o que fará Lisboa à sua casa da Avenida da Liberdade, agora que os "ventos do progresso" estão a poucos metros dela: a totalidade do quarteirão vizinho tem, desde Julho, um pedido de ampliação nos serviços "competentes". Pudessem as casas mover-se e elas seriam honradas noutros lugares, que não nesta cidade que não quer, nem sabe, fazê-lo.
Nas imagens, fotografia de época do prédio da Avenida da Liberdade, tornejando para a Praça da Alegria, onde Alfredo Keil viveu; o mesmo imóvel na actualidade
3 comentários:
Talvez seja bom relembrar, a destruição do espólio de milhares de anónimos, arquitectos, engenheiros, artistas e todos esses profissionais, cujos produtos dos seus talentos e conhecimentos, diariamente são deitados para o caixote do lixo. Herdamos uma bela cidade, mas, nunca a merecemos. Continuamos a pisar a memória dos nossos antepassados e, isso, a história não perdoa a ninguém.
JA
...uma cidade que dá vontade de gritar!
LOBO VILLA 24-8-08
É triste concluir que os portugueses não gostam de Portugal,que os lisboetas não gostam de Lisboa,que qualquer político oportunista chega á CML e destrói o património,qualquer Costa ou Salgado destróiem o que quiserem,ninguém sai á rua,ninguém desliga a merda da TV...
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