In Público (7/8/2008)
Ana Henriques
«Portaria publicada ontem manda executar medidas previstas em estudo para reduzir poluição. Aumento do número de faixas Bus é considerado prioritário
Quem chega a Lisboa sozinho de carro vai ter de pagar portagens mais altas do que aqueles que viajam acompanhados. A introdução de portagens diferenciadas nos acessos à cidade que já são taxados é uma das principais medidas propostas num estudo sobre a melhoria da qualidade do ar na região de Lisboa e Vale do Tejo.
O plano que visa o cumprimento das directivas comunitárias em matéria de poluição atmosférica foi ontem publicado em Diário da República, em anexo a uma portaria que ordena a execução das medidas nele apresentadas. O aumento das portagens dos carros que circulam só com o condutor deve, segundo o documento, ser feito apenas nos dias úteis e a certas horas. Em Roma, por exemplo, a penalização tem lugar das 9h00 às 12h00 e das 15h00 às 17h00. Mas esta é apenas a segunda medida considerada prioritária para reduzir para níveis aceitáveis as partículas que sujam o oxigénio que todos respiram.
Os autores do trabalho dizem que a medida mais relevante de todas é o aumento do número de corredores Bus, que permitiria aumentar a velocidade média de circulação dos autocarros dos actuais 14,9 quilómetros/hora para 25. A criação de cada um destes corredores é alvo de negociações entre a Carris e a Câmara de Lisboa, mas o processo parece padecer de doença grave. Senão, veja-se: em 2005, e de acordo com a newsletter da Carris, a autarquia considerou que poderia abrir corredores na Rua dos Fanqueiros e na Morais Soares, entre outras artérias. Hoje nenhuma delas tem ainda uma faixa exclusiva para os transportes públicos.
Lavar Av. da Liberdade
"Da parte da câmara nem sempre há uma resposta imediata", admite um adjunto do secretário-geral da Carris, Nuno Correia, acrescentando que em 2007 a transportadora abriu mais 710 metros de corredores Bus. "Vamos anunciar em Setembro uma melhoria das condições de circulação dos transportes públicos", diz o vereador que na autarquia tem o pelouro da Mobilidade, Marcos Perestrello, escusando-se, no entanto, a adiantar quais. Também no que à redução da poluição do ar diz respeito, a Câmara de Lisboa vai passar a lavar a Avenida da Liberdade, que é uma das artérias mais preocupantes da cidade a este nível, "duas vezes por dia em vez de uma, para que as partículas poluentes não fiquem em suspensão no ar".
O aumento da fiscalização do estacionamento na cidade é outra medida considerada útil pelos autores do estudo. Aqui Marcos Perestrello declara que a câmara "tem de conseguir fazer melhor", embora a situação esteja, do seu ponto de vista, "infinitamente melhor do que há um ano". O autarca espera que o sistema de aluguer de bicicletas que vai lançar tire muitos automóveis das ruas. Já o plano de melhoria da qualidade do ar fala na renovação das frotas de autocarros e de táxis. Dos 745 veículos que a Carris tem ao seu serviço apenas 37 são movidos a gás natural, embora os restantes respeitem, segundo Nuno Correia, as directivas que obrigam a baixas emissões de dióxido de carbono. O trabalho ontem publicado fala em 50 novos veículos a gás natural para a Carris, mas a transportadora acabou de lançar concurso para comprar apenas mais 20. "Ainda não são tão eficientes como os que usam gasóleo, mas têm vindo a melhorar", observa o responsável.
A criação de corredores especiais de circulação para viaturas com maior número de ocupantes é mais uma medida a ter em conta. A ideia é para aplicar nas vias estruturantes, sobretudo nos principais acessos a Lisboa. Outra ideia, embora não prioritária, passa pela cobrança de uma taxa de circulação na Baixa nos dias úteis, aplicável a não residentes. »
E isso será no 'dia de são nunca', claro. Esse anúncio é parecido ao de incluir os atletas de alta competição no regime de reformas da Segurança Social: esprimido, é zero.
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4 comentários:
O título é tão definitivo e a medida tão hipotética!!!
Os jornalistas que publicam notícias com títulos assim deviam regressar à escola por manifesta incompetência.
Ainda agora se ouvia na TSF, que eram medidas a ser estudadas e que nada estava decidido
É óbvio que há que regulamentar e diminuir a circulação autóvel na cidade. Em Lisboae em quaquer cidade civilizada do mundo.
Mas se outras cidade já o fizeram, e com sucesso, como Londres, foi porque um conjunto de medidas e de estruturas foram implementadas.
Numa Lisboa em que escasseiam os parques automóveis à entrada da cidade e os que existem são pagos...
Numa Lisboa em que o Metro ainda precisa de bastantes alargamentos...
Numa cidade em que a Carris tem carreiras insuficientes e vai diminuidos...
Numa Lisboa em que a rede de electricos precisa de aumentar rapidamente....
A imposição de regras restritivas "á bruta" e mais papistas que o papa, não dão resultados, não ganham o apoio da população e apenas criam anticorpos.
Há que começar com medidas mais localizadas, em zonas que já reunam as condições de apoio neecssárias.
Por alguma razão o dia sem carros foi um fracasso...medidas desgarradas e sem visão de longo prazo dão mesmo em fracasso...
Concordo em absoluto com o Daniel; é necessário dotar a cidade e a área metropolitana de uma eficaz rede de transportes e só depois, pensar em "modernices" destas.
Estas medidas publicitárias, servirão sómente (se é que há algum interesse que sirvam para alguma coisa), para fazer de conta que existe uma grande preocupação com as questões ambientais, mas esquecem-se que aprovaram em Setúbal, a construção de 7500 fogos, destinados a 30000 pessoas, mais um centro comercial e um novo estádio de futebol, tudo inserido nessa nova grande invenção especulativa a que chamam PIN's, possibilitando o abate de 1200 sobreiros...
Interesse ambiental???
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