Ordem dos Arquitectos contesta chumbo de projecto no Rato -PUBLICO-17.08.2008
Edifício destina-se maioritariamente a apartamentos e foi apresentado na Trienal de Arquitectura de Lisboa, realizada em 2007
A secção sul da Ordem dos Arquitectos considera o chumbo camarário do licenciamento do projecto de Valsassina e Aires Mateus para o Largo do Rato "sem fundamento nem enquadramento legal" e vai promover a sua apresentação pública em Setembro.
"Consideramos que este é o momento oportuno para os arquitectos Valsassina e Aires Mateus poderem explicar o seu projecto, o que ainda não tiveram oportunidade de fazer", disse a presidente da secção regional Sul da Ordem dos Arquitectos, Leonor Cintra Gomes. Assim, os promotores "ainda podem contrapor os argumentos da Câmara de Lisboa", que no final de Julho se recusou a emitir a licença de construção, depois de, em 2005, ter aprovado o projecto de arquitectura, através de um despacho da então vereadora social-democrata Eduarda Napoleão. Apenas o PS, que governa a câmara, defendeu que a licença fosse passada, tendo no entanto sido vencido pelos votos da oposição e do Bloco de Esquerda.
Em comunicado, a secção regional da Ordem dos Arquitectos sublinha que a recusa de emissão da licença de construção do edifício "não tem fundamento nem enquadramento legal", uma vez que "as questões que se prendem com a estética ou inserção urbana estavam já aprovadas". Além disso, acrescenta, constitui "um caso de discricionariedade extemporânea" e "lesa a confiança dos cidadãos nos actos da administração pública" e no trabalho do conjunto alargado de técnicos que avaliou o projecto.
"A aprovação do projecto de arquitectura é constitutiva de direitos para o requerente, pelo que a proposta de indeferimento, nesta fase, prejudica a confiança dos cidadãos nos actos da administração pública", refere o documento, sublinhando que o projecto de especialidades apresentado também não foi objecto de qualquer parecer negativo.
Por considerar "essencial a participação dos cidadãos, de forma informada, na construção da cidade e do território que habitam", a instituição promove uma apresentação pública na sede da Ordem dos Arquitectos, a 9 de Setembro, pelas 21h00. O edifício está previsto para o gaveto formado pela Rua do Salitre, Rua de Alexandre Herculano e Largo do Rato. A contestação tem sido liderada pelo Fórum Cidadania Lisboa, que considera que o imóvel "rebenta totalmente com a escala do largo", descaracterizando aquela zona lisboeta. Lusa
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andares estão previstos para o edifício, que tem sido contestado pela volumetria, considerada exagerada para o local.
Edifício destina-se maioritariamente a apartamentos e foi apresentado na Trienal de Arquitectura de Lisboa, realizada em 2007
A secção sul da Ordem dos Arquitectos considera o chumbo camarário do licenciamento do projecto de Valsassina e Aires Mateus para o Largo do Rato "sem fundamento nem enquadramento legal" e vai promover a sua apresentação pública em Setembro.
"Consideramos que este é o momento oportuno para os arquitectos Valsassina e Aires Mateus poderem explicar o seu projecto, o que ainda não tiveram oportunidade de fazer", disse a presidente da secção regional Sul da Ordem dos Arquitectos, Leonor Cintra Gomes. Assim, os promotores "ainda podem contrapor os argumentos da Câmara de Lisboa", que no final de Julho se recusou a emitir a licença de construção, depois de, em 2005, ter aprovado o projecto de arquitectura, através de um despacho da então vereadora social-democrata Eduarda Napoleão. Apenas o PS, que governa a câmara, defendeu que a licença fosse passada, tendo no entanto sido vencido pelos votos da oposição e do Bloco de Esquerda.
Em comunicado, a secção regional da Ordem dos Arquitectos sublinha que a recusa de emissão da licença de construção do edifício "não tem fundamento nem enquadramento legal", uma vez que "as questões que se prendem com a estética ou inserção urbana estavam já aprovadas". Além disso, acrescenta, constitui "um caso de discricionariedade extemporânea" e "lesa a confiança dos cidadãos nos actos da administração pública" e no trabalho do conjunto alargado de técnicos que avaliou o projecto.
"A aprovação do projecto de arquitectura é constitutiva de direitos para o requerente, pelo que a proposta de indeferimento, nesta fase, prejudica a confiança dos cidadãos nos actos da administração pública", refere o documento, sublinhando que o projecto de especialidades apresentado também não foi objecto de qualquer parecer negativo.
Por considerar "essencial a participação dos cidadãos, de forma informada, na construção da cidade e do território que habitam", a instituição promove uma apresentação pública na sede da Ordem dos Arquitectos, a 9 de Setembro, pelas 21h00. O edifício está previsto para o gaveto formado pela Rua do Salitre, Rua de Alexandre Herculano e Largo do Rato. A contestação tem sido liderada pelo Fórum Cidadania Lisboa, que considera que o imóvel "rebenta totalmente com a escala do largo", descaracterizando aquela zona lisboeta. Lusa
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andares estão previstos para o edifício, que tem sido contestado pela volumetria, considerada exagerada para o local.
9 comentários:
Esse edifício seria um aborto arquitectónico, um pseudo-modernismo que não se enquadra naquela zona.
Querem tanto fazer um caixo-te em Lisboa façam-no num dos sítios por excelência do "caixotismo" dos arquitectos nacionais - o parque das nações ou telheiras ou num qualquer subúrbio modernista e utilitarista.
Deixem a baixa de Lisboa manter-se como um dos bastiões que nos relembra uma era em que o nosso país ainda era algo de que nos podíamos orgulhar, e a nossa cidade o reflexo disso mesmo.
Façam experíencias cubistas com o computador e as maquetes mas não destruam o nosso património.
Um bairro existe como um todo, um conjunto indissociável que deve manter a sua integridade urbana e artística perpetuamente. Não falta por aí espaço desorganizado nos arrabaldes para se fazerem experiencias patetas de arquitectura modernista. Olhem para Chelas. Montes de espaço desperdiçado. Façam os vossos monos aí.
Na verdade essa posiçao desses arquitectos só serve para justificar a continuação da espécie, visto que precisamos de mais arquitectos para desenhar predios novos do que para simplesmente manter em bom estado os predios existentes.
Conforme antevi há uns meses atrás, tentam puxar para a "Ordem" o local da discusão, por aí encontrarem nos amigos, os apoios necessários ás suas ideias de cidade.
Não podia concordar mais com a Ordem dos Arquitectos. Não podemos num momento criticar as instituições públicas por inoperância e no momento seguinte aplaudir contradições graves dispersas no espaço e no tempo que agravam cada vez mais a visão que temos na administração pública, e a credibilidade que o meio político deve adquirir nas decisões baseadas em fundamentos técnicos. É grave o que se está a passar...principalmente porque envolve já uma mediatização pré-eleições e como todos sabemos "a oportunidade faz o ladrão". Acho gravíssimo a inconstância política, que é impune e inconsequente. Fico chocado com tudo o que se está a passar, avance ou não avance o projecto...lamento a falta de coragem e a irresponsabilidade, para um lado ou para outro!
É vergonhoso que a Ordem dos Arquitectos se disponha a este tipo de situações. Bem no espirito corporativista, e não na defesa da arquitectura da cidade e do patrimonio.
Quando da discusão, do "Mono do Rato" estavam imagens no site da CML, uma perspectiva vista da Alexandre Herculano, onde se pretendia fazer creer que este teria a mesma altura (alinhava a cercea) que o predio de Ventura Terra, Premio Valmor. Este tem 5 pisos e aguas furtadas, o "Mono do Rato" tem 7 pisos, e das duas uma ou os pisos são atarracados, ou seria impossivel alinhar as cerceas.
A ideia é ainda mais miseravel de querer iludir as pessoas, pois nenhuma imagem apresentava vistas da Rua da Escola Politecnica, os seus autores sabiam o quanto seria polemico este edificio.
Quanto à credibilidade das instituições ela existem para defender os interesses da população. É miserável usar este argumento. Recordo aos mais distraídos que as instituições fizeram uma revolução em Abril de 1974, apesar do corporativismo da instituição militar.
Qual era a intenção? Para quê?
No "show" patrocinado pela Ordem não podemos faltar.
Era interessante, para variar, ver numa apresentação pública de um projecto na Ordem um público de várias proveniências profissionais, unido pelo interesse comum na cidade.
A Ordem tem uma posição clara mas está aqui disposta a um debate equilibrado, com participação da sociedade e por tal não pode ser acusada de corporativismo (?).
O espaço da Ordem parece-me até o local mais relevante e fulcral para se discutir "má" e "boa" arquitectura num forum aberto.
não e preciso estar com conversa de chacha: os autores do projecto integraram a comissão de honra da lista que dirige a ordem dos arquitectos. para o debate não convidaram o forum cidadania nem os primeiros subscritores do abaixo-assinado. quem vão por a moderar? o crítico de arquitectura ricardo carvalho, que escreveu no público que era melhor o povo delegar nos críticos o debate da arquitectura?
Fónix tens muita razão!
Vê se apareces!
Mas deixa estar que a OA é um serviço público e como tal não são necessários convites.
A OA devia era ter vergonha do que muitos dos seus inscritos andam a fazer por essa país fora, dando razão àqueles que diziam que só há apenas uma diferença entre o nacional-pato-bravismo dos edifícios feitos por construtores civis antes do 25-A e os arquitectos de agora: hoje são assinados e ontem não eram ... mas o analfabetismo mantém-se - a Avenida da República é o exemplo acabado e a montra do mau gosto dos últimos 40 anos de quem projecta para quem lhe encomenda e constrói, atribuindo à sua 'criação' a designação de 'obra arquitectónica'. A Av. República devia ser o exemplo a evitar, mas não: a coisa vai prosseguir FPereira de Melo abaixo, Avenida da Liberdade abaixo, Avenida 24 de Julho, etc., etc.
A mim, repugna-me saber que há 2 arquitectos de renome a assinar um mono inqualificável como o do Rato (tal como no caso do novo Estoril-Sol, em Cascais, por ex.). Repugna-me que quem decide não assuma o que acha do mono e não avance com o liminar e definitivo chumbo do mesmo, pague-se o que se pagar (é para isso que andamos a pagar impostos, right? senão dava-se a CML à construção civil - essa 'alavanca' da economia portuguesa, das campanhas eleitorais, das cm por esse país fora, etc.); é para isso é que governam Lisboa - reconhcer o erro e corrigir a rota, ou não? ... caso contrário trata-se de uma democracia de pantomina.
Há que aproveitar uma oportunidade de se fazer urbanismo a sério, corrigindo um largo que foi estropiado nos finais de 70, princípios de 80 (porque não com um jardim defronte à sinagoga?; porque não redesenhando aquela aberração da zona central?; repor o eléctrico?).
Será que ninguém tem coragem para nada? Há sempre desculpas para tudo, céus!
Quanto ao debate da OA, ele devia era ter sido feito antes, tal como outro na OE, e demais corporações, mas sobretudo na AML, por exemplo. A AML tem que continuar com debates, não só de macro-causas como de micro, prédio a prédio, quarteirão a quarteirão, jardim a jardim, candeeiro a candeeiro, se for necessário.
Hoje, do que se trata, é de tirar qualquer hipótese a que aquilo ali seja feito algum dia, ou seja, metendo no cesto do lixo tudo quanto a ele se refira, TOUT COURT.
Tendo o abaixo-assinado, como tem, muito mais de 4.000 assinaturas válidas, será levado à AR, como é óbvio. Que melhor lugar para o debate do que onde estão os representantes do povo?
E porquê o medo de referendos municipais? Por acaso somos menos que os outros?
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