Lisboa e o logradouro da minha rua
A minha rua é nas Avenidas Novas, em Lisboa. Um lugar a meio caminho entre a total terciarização - muitos prédios ocupados por escritórios - e um bairro de classe média. A planta geométrica abre espaços para jardins como o que fica entre a Igreja de Fátima e a Avenida Elias Garcia, com parque infantil e um espaço para as pessoas porem os seus cães a fazer as necessidades. Pois nenhum dono põe nenhum cão a passear onde devia, fazem-no na relva circundante, onde também nenhum pai já brinca com nenhum filho. Quando o jardim esteve quase abandonado e a junta de freguesia distribuiu folhetos a dizer que não tinha verbas para jardineiros, ninguém se mexeu para encontrar uma solução local. Nós, os que, de facto, usufruímos do jardim. Ficou assim mesmo até que a câmara fornecesse as tais verbas. Não saindo dos meus 500 metros quadrados de espaço vital tenho outra história urbana para contar: atrás do meu prédio havia um logradouro, com árvores, plantas e o que mais apetecesse aos moradores. Pois bem, desde há dois anos cresceu nos ex-quintais dos meus vizinhos de uma dezena de prédios um enorme barracão com telhado de zinco. Dizem-me que os moradores abdicaram do direito ao logradouro. E automutilaram a sua vista por uns trocos... A mim restou-me uma árvore e um cantinho de que um lar de idosos não abdicou. Eu penso nestas realidades do meu dia-a-dia de lisboeta, olho para os dois candidatos à Câmara de Lisboa e, além de ter pena deles, percebo que só queiram falar de números, orçamentos, dívidas... Essa linguagem os meus vizinhos percebem. E devem-se estar nas tintas se há projectos ou não para a cidade.
(in Diário de Notícias, de 1/08/2009).
A minha rua é nas Avenidas Novas, em Lisboa. Um lugar a meio caminho entre a total terciarização - muitos prédios ocupados por escritórios - e um bairro de classe média. A planta geométrica abre espaços para jardins como o que fica entre a Igreja de Fátima e a Avenida Elias Garcia, com parque infantil e um espaço para as pessoas porem os seus cães a fazer as necessidades. Pois nenhum dono põe nenhum cão a passear onde devia, fazem-no na relva circundante, onde também nenhum pai já brinca com nenhum filho. Quando o jardim esteve quase abandonado e a junta de freguesia distribuiu folhetos a dizer que não tinha verbas para jardineiros, ninguém se mexeu para encontrar uma solução local. Nós, os que, de facto, usufruímos do jardim. Ficou assim mesmo até que a câmara fornecesse as tais verbas. Não saindo dos meus 500 metros quadrados de espaço vital tenho outra história urbana para contar: atrás do meu prédio havia um logradouro, com árvores, plantas e o que mais apetecesse aos moradores. Pois bem, desde há dois anos cresceu nos ex-quintais dos meus vizinhos de uma dezena de prédios um enorme barracão com telhado de zinco. Dizem-me que os moradores abdicaram do direito ao logradouro. E automutilaram a sua vista por uns trocos... A mim restou-me uma árvore e um cantinho de que um lar de idosos não abdicou. Eu penso nestas realidades do meu dia-a-dia de lisboeta, olho para os dois candidatos à Câmara de Lisboa e, além de ter pena deles, percebo que só queiram falar de números, orçamentos, dívidas... Essa linguagem os meus vizinhos percebem. E devem-se estar nas tintas se há projectos ou não para a cidade.
(in Diário de Notícias, de 1/08/2009).
Foto: Av. 5 de Outubro 149 (demolido em 2008)
9 comentários:
Ah, se fosse noutros tempos, o Zé tinha embargado esse horroroso barracão com telhados de zinco, carago.
Tudo a ver, sim, senhor, comentador anterior.
O tema aqui é o de construir ou não nos Logradouros (e "quintais") de Lisboa .
No PDCL e no 1º PDM de LXª havia um acordo para que não se construisse.
Depois de vários furos a estes Planos ,e, vários autarcas depois,alguém saberá exactamente o que se passa com a "Normativa" dos Logradouros de Lisboa ... ?
A quem souber, agradeço.
Pois em Benfica há um jardim belissimo feito pelos moradoras num logradouro que anteriormente só tinha lixo, muito lixo. É admirável o trabalho que essas pessoas fizeram e continuam a fazer.
Se tiverem curiosidade vão ver no Blogue " Lisboa S.O.S" com o título " O paraíso é um jardim".
O que se passa no interior da maioria dos logradouros de Lisboa é um cenário deprimente, mais próprio de uma nação de terceiro mundo do que de uma capital da UE.
se o barracão não foi autorizado nada mais simples que denunciar a situação à CML...
Obras suspeitas? Não há 'aviso'? Edifício abandonado?
TELEFONE URBE-CML: 21 798 96 17 / 34 / 36
TELEFONE POLÍCIA MUNICIPAL: 21 782 52 00
Os telhados de muitos predios tambem estão cheios de barracas.
E as fachadas de muitos prédios também estão cheios de estruturas abarracadas - MARQUISES!
Olha a janela da julieta, versão tuga,LOOOOOOOOOL.
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