15/01/2010

Santana Lopes defende que não há condições para realizar corrida Red Bull e pede responsabilidades

In Púlico (15/1/2010)
Por Ana Henriques e Jorge Marmelo


«Líder da oposição na Câmara de Lisboa acusa presidente da autarquia de ter prestado falsas declarações

O líder da oposição na Câmara de Lisboa, o social-democrata Pedro Santana Lopes, defendeu ontem não haver condições para realizar a corrida aérea Red Bull em Lisboa em Setembro próximo e exigiu que o presidente da autarquia lisboeta, António Costa, assuma as suas responsabilidades em todo o processo.

Em causa está o contrato firmado entre a Associação Turismo de Lisboa, também presidida por António Costa, e a Red Bull, que prevê que a câmara da capital se responsabilize pelo pagamento de 50 por cento dos custos do evento, estimados em 3,5 milhões de euros. O remanescente fica a cargo do Turismo de Lisboa e da Câmara de Oeiras, em partes iguais. Até anteontem, quer António Costa quer o director-geral da associação tinham garantido que estes eram custos idênticos aos que a prova aérea teve no Douro, local onde se realizou nas últimas três edições. Acontece que documentos divulgados na quarta-feira pelo PSD mostram que não foi bem assim, já que as câmaras do Porto e de Gaia nunca investiram no evento mais de 400 mil euros cada uma.

Nos anos em que a prova se realizou no Norte a angariação de patrocínios ficou a cargo da empresa Extre-me, que assumiu o risco financeiro que isso implicava. Mas em Lisboa esse risco ficou do lado das autarquias e do Turismo de Lisboa, que para obterem fundos para a Red Bull Air Race terão de conseguir elas próprias esses patrocínios - o que significa que, neste momento, não se sabe quanto poderá custar a prova ao erário público. Daí que Santana Lopes tenha on-tem acusado António Costa de "ter prestado falsas declarações à opinião pública" sobre o modelo de financiamento do evento. O social-democrata observou que o processo tem vindo a ser conduzido com "enorme irresponsabilidade política" - numa referência ao facto de o presidente da câmara ter começado por defender o contrato entre a Red Bull e o Turismo de Lisboa para, num momento posterior, vir a admitir que tinha dúvidas sobre ele, nomeadamente no que diz respeito ao exclusivo publicitário do evento. "O que se passou tem de acarretar consequências políticas que não cabe a mim especificar. Não pode ficar tudo na mesma na titularidade dos cargos da Câmara de Lisboa e da Associação de Turismo de Lisboa", observou Santana Lopes, escusando-se a falar de eventuais consequências jurídicas do caso, "para proteger o município".

Fonte da Red Bull garante que o contrato assinado dá, à Câmara de Lisboa, "todas as ferramentas que podem permitir cobrir os custos com o acolhimento da prova". A empresa está a elaborar um documento que clarifica as condições em que a autarquia pode contratualizar os patrocínios privados que pagarão uma parte das despesas assumidas pelo município. A mesma fonte adiantou que o contrato, já aprovado por unanimidade pela Câmara de Oeiras e que aguarda ratificação por Lisboa, permite obter uma receita publicitária superior a cinco milhões de euros.»

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