In Jornal de Notícias (28/1/2010)
CRISTIANO PEREIRA
«Os artesãos que em Maio passado foram afastados da Rua Augusta para a Praça da Figueira, em Lisboa, voltaram a pedir a António Costa que recuasse na posição. O autarca admitiu encontrar outra solução mas recusou o retorno do mercado à Rua Augusta.
"Há aqui uma situação injusta porque ao fim de oito meses não houve uma única ocupação do quarteirão do arco da Rua Augusta e tudo o que ali está é um espaço vazio que leva os lisboetas a perguntarem porque é que acabaram com o mercado de artesanato", disse Eduardo Cordeiro, representantes dos artesãos e vendedores de artesanato.
O porta-voz dos artistas interviu ontem durante a tarde na reunião pública na Câmara Municipal de Lisboa. E pediu a António Costa o regresso ao local de origem: "Aproveitem o nosso know-how construído ao longo de duas gerações e criem equipamentos dignos para o espaço", referiu Eduardo Cordeiro.
António Costa, por seu turno, foi categórico: "A Rua Augusta não é o local para se manter a feira de artesanato". "Foi esse o entendimento que existiu", continuou, "e é o entendimento que existe".
O representante dos artesãos sublinhou que a alternativa da Praça da Figueira não se tem revelado viável. "Dois colegas já desistiram da actividade", afirmou, frisando que "não há inclusão, há exclusão" e que com esta mudança "não há criação de emprego, mas antes extinção de postos de trabalho". E deixou a pergunta: "E a cidade o que ganhou?".
Perante António Costa, o mesmo responsável apelou a uma alternativa viável: "Apresentem alternativas válidas para as nossas canas de pesca e não nos ponham a pescar em lagos sem peixe".
O autarca acabou por admitir que "se a Praça da Figueira não é um bom local devemos procurar outro" e apelou à continuação do diálogo entre as duas partes.»
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A retirada dessas vendas ambulantes da Rua Augusta foi a melhor medida em prol da Baixa dos últimos tempos. A Praça da Figueira não serve? Construção de equipamentos? Estou estupefacto!
11 comentários:
Indo por prioridades havia (e há) dezenas de coisas a fazer na Baixa....mais importantes que retirar dali estes vendedores (começando por uma conservação do Arco vizinho)! Mas essa é só a minha opinião claro....
Concordando com o comentário das 2:03 PM, quando ali os via parecia-me sempre o seguinte: a maior parte daquela gente eram VENDEDORES, não ARTESÃOS.
Também concordo com o Júlio Amorim; trata-se do menor dos males da Rua Augusta...
Subscrevo os 3 primeiros comentarios.
em todos os problemas da rua augusta, nao vejo onde aparecem os vendedores de artesanato e os pintores.
pelo contrario, até davam vida aquele espaço, que agora está completamente morto
enquanto nao tirarem de la os vendedores de droga é ridiculo sequer falar em outros problemas como este.
Na realidade ninguem vende droga na Rua Augusta, daí ninguem os tirar.
Cruzo-me com eles todos os dias na Praça da Figueira, com os seus carros em cima do passeio a montar e desmontar a tenda; se olharmos bem, não são artesãos na sua maior parte, são vendedores de artigos manufacturados de qualidade duvidosa... Dão o lado terceiro mundista à Praça que convém não perder...
Já lá comprei duas aguarelas: Por sinal de muito boa qualidade...
Se isto é terceiro mundo, adoro!!!
Davam vida à rua augusta. Em qualquer cidade europeia culturalmente desenvolvida se vê pintores e artistas de rua nas principais artérias. Foi uma pena tirarem-nos de lá por causa de um museu que não é mais que um barracão não reabilitado nem por dentro nem por fora.
Eu, por acaso, dei por mim bastantes vezes a parar na Rua Augusta para admirar as pinturas que alguns artistas faziam. E que foi feito dos homens-estátua que também havia pela baixa?
De facto, concordo que, de tanto mal que há na zona esta seria uma medida não prioritaria ou até danosa para a zona numa altura em que não existe qualquer razão para visitar a baixa de lisboa.
Concordo que eliminar dali os vendedores de ervas e fazer uma limpesa ao arco seriam coisas bem mais importantes a fazer.
O que se ganhou com isto? Uma rua pedonal (toda com calçada, como 'eles' gostam) mas que de vida, pouca ou nula.
fiquemos estupefactos com a snobisse de pretença modernidade que continua a mandar, mesmo quando se trata de questões de cidadania. Mas estas opiniões de pretensa higiene urbana defendem realmente os cidadãos ou uma ideia de cidade para guia turístico de 3ª qualidade?
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