16/01/2010

A Semana dos "4 dias"

A semana de trabalho de 4 dias, que basicamente consiste em distribuir as 40 horas semanais de trabalho por 4 dias (10 horas/dia) em vez de 5, tem sido de tempos em tempos objecto de discussão sem qualquer conclusão/decisão sobre os beneficios da mesma. Conciliando o facto de vivermos numa época de recessão e dificuldades económicas, com o facto de pretendermos melhorar a qualidade de vida em Lisboa, penso que este é um tema que merecia mais atenção.
Um trabalhador que tenha de deslocar-se para o seu emprego, e deste para casa, 4 dias por semana em vez de 5, iria reduzir estas deslocações cerca de 8 vezes por mês, num total de 88 vezes por ano de trabalho. Se imaginarmos um individuo cuja distância casa-trabalho é de 10 km, concluimos que num ano ele faria menos 880 km em deslocações. Isto permitiria que circulassem e entrassem em Lisboa menos veículos.
No mesmo sentido, menos um dia no local de trabalho por semana significaria menos 4 refeições fora por mês, ou menos 44 refeições num ano de trabalho.
Estes dois aspectos são relevantes pois significariam uma poupança pecuniária significativa ao final do ano.
Sem pensarmos que o dia de acréscimo sem trabalho iria proporcionar tempo livre inestimável em proveito próprio e da familia e amigos, concluimos facilmente dos beneficios desta decisão.
Paralelamente para as empresas/entidades, poderia significar um acréscimo de produtividade. Numa semana de 5 dias, sem contar com outros intervalos, um individuo inicia e termina o seu trabalho 20 vezes (quando chega ao trabalho, quando sai, e antes e depois da refeição). Na semana de 4 dias haveria uma redução para 16 vezes. Isto significaria um aumento de produtividade, pois está provado cientificamente que após cada interrupção um trabalhador pode demorar até um máximo de 20 minutos a retomar o ritmo anterior. Isto significaria menos 8 interrupções por mês (2 por dia) ou menos 88 por ano. Significaria também em muitos casos, menos 1/2 vezes por semana que liga o computador e a luz do seu posto de trabalho.
A escolha deste modo de trabalho só é possível com a plena adesão da empresa/entidade e do colaborador. Para este é importante haver disponibilidade pessoal para 4 dias por semana estar 11 horas afecto ao seu emprego. Se em funções de front-office pode ser complicado aplicar a semana dos 4 dias, em funções de back-office haverá uma maior aplicação da mesma.
Numa cidade como Lisboa, a adesão do Estado, com organismos e empresas espalhadas pela capital, a este conceito poderia ter beneficios enormes quer para a cidade quer para os próprios funcionários, pelos motivos mencionados. Seria bom ser tema de discussão.

6 comentários:

Anónimo disse...

bem, já estou a ver as casas de restauração a ter uma quebra de 20% nas receitas dos almoços e a culpar a mudança do tráfico na baixa...

que tal pensar em todas as consequências antes de se sugerir alterações ao status quo?

Anónimo disse...

Melhor ainda era a semana de 3 dias.

Como dizia o outro, "É fazer as contas"...

Luís Alexandre disse...

Com um dia útil livre, ninguém garante que esse trabalhador não vá passear de carro ou mesmo que venha para Lisboa de carro para "tratar de assuntos" que não consegue tratar nos outros 4 dias.
Receitas mágicas não há, mas ainda assim, prefiro acreditar que dificultar a entrada de carros na cidade (i.e. portagens) ainda é a melhor solução.

Anónimo disse...

Mas isso é espectacular! É que 10h é o que já muita gente trabalha, 5 dias por semana! Portanto, na prática é um dia de folga extra!

Ou será que estes vão passar a trabalhar 12,5h, para compensarem o dia a menos?

Anónimo disse...

as minha semana de trabalho já é de 10/12 horas por dia...

Xico205 disse...

Nota-se que as portagens são a melhor solução, basta ver os 13kms de fila habituais todas as manhãs do Fogueteiro à Ponte 25 de Abril, ou do Estoril à portagem de Carcavelos e continuação até Lisboa.

Ah, mas se não houvesse portagens, ainda era pior dizem uns. Pois, mas de manhã o transito na A1 só costuma aparecer em Vale Figueira a 4 quilometros de Lisboa, e no IC19 é já só à chegada ao nó da Buraca; ou seja onde não há portagens é onde há menos transito.

A minha experiência profissional tem sido na área dos transportes, sei do que falo.