In Público (13/1/2010)
Por Ana Henriques
«Vereadores da oposição social-democrata põem em causa vantagens turísticas do evento, enquanto Associação de Turismo de Lisboa vai encarregar privado de angariar patrocínios
A Câmara de Lisboa arrisca-se a pagar uma grossa maquia pela realização da corrida aérea Red Bull Air Race, caso não surjam patrocínios suficientes que permitam angariar os 3,5 milhões de euros necessários à realização do evento, em Setembro.
Partilhado com a autarquia de Oeiras e com a Associação de Turismo de Lisboa - entidades que contribuirão, embora numa escala menor, para pagar a corrida -, o risco financeiro do município da capital está patente no contrato que deverá ser hoje aprovado pelo executivo camarário, embora com os votos desfavoráveis pelo menos do PSD. Diz esse documento que, caso os apoios se revelem insuficientes, o dinheiro que faltar dos 3,5 milhões será pago pela Câmara de Lisboa (50 por cento), pela de Oeiras (25 por cento) e pelo Turismo de Lisboa (outro tanto). Já se os patrocínios excederem o custo do evento, o que sobrar ficará guardado para as edições seguintes.
São condições que Victor Gonçalves, o vereador do PSD, considera desfavoráveis para a autarquia lisboeta, quando comparadas com os contratos que permitiram às câmaras de Gaia e do Porto realizarem a corrida no Douro nos últimos três anos.
O responsável pela empresa Gaianima, da Câmara de Gaia, confirma: "Não percebo por que razão o risco de investimento terá passado da empresa privada que produzia o evento no Douro, a Extreme, para os municípios de Lisboa e de Oeiras". Nélson Cardoso explica que as autarquias do Porto e de Gaia nunca ficaram contratualmente obrigadas a gastar mais do que 400 mil euros cada uma - embora em 2010 tivessem admitido subir até aos 600 mil, caso a prova tivesse ali permanecido. A responsabilidade de obter o restante financiamento, incluindo meio milhão de euros do Turismo de Portugal, cabia à Extreme, refere.
"Contamos ter um apoio semelhante da entidade responsável pelo turismo português", diz o director-geral da Associação Turismo de Lisboa, Vítor Costa, recusando-se a fazer contas antes de saber que patrocínios irá conseguir a empresa privada que vai contratar para os angariar. Este responsável pôs a fasquia alta: quer pelo menos dois milhões e meio de apoios comerciais. Admite desconhecer os contratos firmados nos anos anteriores pelo Porto e por Gaia.
"Não estamos em altura de a Câmara de Lisboa se meter numa aventura destas", protesta o vereador "laranja", recordando as carências e duvidando dos ganhos turísticos do evento, que dura três dias.
A maioria socialista que governa a autarquia assegura que irá despender o mesmo que o Porto e Gaia, embora não tenha patrocínios assegurados. Já a Red Bull Air Race escusa-se a prestar informações sobre a matéria, invocando uma cláusula de confidencialidade no contrato da corrida.»
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2 comentários:
Ainda é cedo para entrar em polémicas.
O evento, no Porto e Gaia, arrastou bastante gente, pelo que não haverá motivos concretos para antecipar que em Lisboa será um fracasso.
Quanto a cláusulas contratuais (eventualmente confidenciais) divulgadas nos jornais, tenho sempre muitas reservas quanto à sua veracidade.
Além disso, faz parte das atribuições da CML, ATL e TP investirem na promoção do turismo em Lisboa, pelo que se trata de um investimento com a incerteza de retorno comum a todos e quaisquer investimentos.
Luís Alexandre
A cmL não tem dinheiro, não é?
Para o que faz falta não tem, lá isso...
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