19/02/2009

AML pede intervenção da autarquia para preservar memória da Boa-Hora

In Público (19/2/2009)

«A Assembleia Municipal de Lisboa quer que a autarquia seja "parte activa" na salvaguarda do "património simbólico e histórico" do Tribunal da Boa-Hora, "procurando, junto dos ministérios das Finanças e da Justiça, uma solução que permita a preservação da sua memória".
Este apelo consta de uma recomendação apresentada anteontem pelo Bloco de Esquerda e foi aprovado com os votos contra do PS e os votos favoráveis dos restantes partidos. A abstenção do PSD e os votos contra do PS e do CDS-PP impediram, contudo, a aprovação de um ponto da recomendação em que se defendia que a CML não autorizasse, no âmbito das suas competências, a transformação prevista do tribunal em hotel.

Ontem, o movimento cívico contra a transformação do tribunal em hotel decidiu constituir a comissão Pouca-Vergonha para continuar a lutar pela manutenção do edifício na alçada da Justiça. Entre as iniciativas previstas estão pedidos de audiência aos candidatos à CML, aos grupos parlamentares e ao Governo, tendo a primeira decorrido terça-feira com o ministro da Justiça, Alberto Costa, e o secretário de Estado Conde Rodrigues. De acordo com Rui Rangel, da Associação Juízes pela Cidadania, que integra o movimento, o ministro manifestou preocupação com a preservação da memória histórica, nomeadamente com uma sala, mas remeteu para o Ministério das Finanças a responsabilidade sobre o destino do edifício.
A Assembleia Municipal aprovou igualmente moções apresentadas por todas as forças políticas condenando o encerramento da esquadra da PSP do Rego. Estas moções foram aprovadas por unanimidade, com excepção da apresentada pelo PSD, que acusava o presidente da câmara de andar "a reboque" dos acontecimentos e de manifestar "incapacidade absoluta de influenciar o resultado final das opções governamentais que têm prejudicado a cidade", e que recebeu os votos contra do PS.
Na terça-feira foram também aprovadas duas moções, uma que exigia à autarquia esclarecimentos sobre processos urbanísticos desaparecidos (o do edifício camarário do Campo Grande e o do parque de estacionamento da Praça do Município, e outra, por unanimidade, por iniciativa do PCP, exigindo que a autarquia tome medidas junto do Ministério da Saúde para o preenchimento dos quadros de pessoal do Centro de Saúde do Lumiar. Lusa

Só o grupo municipal do PS votou contra a recomendação do Bloco para a salvaguarda do património da Boa-Hora»

Volto a dizer que me parece muito exagerado o protesto em apreço. Aquilo que ali está nem serve à Justiça nem serve ao património nem serve à memória conventual nem serve à Baixa nem serve a ninguém. Se há sítio onde tem todo o sentido um hotel é ali. Mas que façam uma coisa prestável, à imagem dos Paradores espanhóis, por exemplo, em que as antigas celas sejam recuperadas e transformadas em quartos, os claustros respeitados integralmente e, sobretudo, não se façam barbaridades 'd'auteur' como aquelas em que a Enatur tem sido pródiga nos últimos anos ...

5 comentários:

Anónimo disse...

Acho que a saida do tribunal para um local mais funcional é não so vantajosa como necessária. Faz todo o sentido em colocar um hotel naquele sitio.

Marta disse...

De facto, há um exagero na classificação do património ou imóveis de interesse público, mas a imagem e "estrutura" da cidade baseia-se numa imagem e numa distribuição funcional do tipo de órgãos que sustentam esta estrutura. Assim como "o sangue que se comunica entre órgãos". Ou seja não considero que um edifício que está podre por dentro,do qual só resta uma fachada deva ser preservada, se esta não tiver interesse patrimonial.
Contudo nem tudo o que é único ou último exemplar, de um determinado período histório ou de um arquitecto famoso, deve ser preservado, deixando que o resto da cidade morra silenciosamente todos os dias.
E hotéis há muitos, acho que dever-se-ia também começar a ser mais responsáveis ou talvez menos óbvios na "atribuição" de um função para um determinado edifício da cidade. Nâo nos esqueçamos que um edifício faz parte de um organismo, que se quer estável mas vivo.
Que a saída do tribunal seja fundamnental, até poderá ser, mas a transformação do mesmo num hotel já não sei se será mesmo a melhor escolha. Observemos bem o que se passa à sua volta, e o que queremos verdadeiramente para ali!

Anónimo disse...

se houvesse tanta genica para coisas realmente importantes...

Anónimo disse...

concordo... tanta coisa por causa da mudança de um tribunal que está num edificio pouco funcional para um melhor. Existem mesmo pessoas que como são uns desocupados, parece não terem mais nada com que se preocupar...
O que ficava ali bem era um hotal de luxo de 5*

Marta disse...

ó sr. Pedrozog não percebo a sua insistência em concordar com a transformação daquele edifício num hotel de 5 estrelas. Sabe por acaso que tipo de transformação sofreria este tribunal caso se transformasse num hotel de 5 estrelas?
Repare, não tenho nada contra a reabilitação e mudança de uma função para outra mas mal comparando seria uma operação de uma mulher muito obesa para uma transformação numa barbie. Nem tudo se resolve com hotéis porque não fazer ali um centro de interesse cultural. Como uma livraria como a que temos agora no braço de prata. Com zonas de leitura mais informais que as das bibliotecas e "enchouriçadas" e de plástico que as da Fnac. Com venda de livros de alfarrabistas (muitos andam na rua) de discos , e café-restaurante. E como inteligentemente fizeram na livraria da fábrica do braço de prata poderia cada "secção" ter um tema. Enfim deixem a ideia peregrina de encher Lisboa de hotéis. Se calhar com a crise que para aí anda o melhor seria pensar noutras franjas de turismo menos "endinheiradas" mas com a mesma ou maior vontade de viajar e conhecer cidades ("marroquinas") como Lisboa. Pensem na ideia de hotéis lowcost, investiguem na internet e vejam como seria tudo muito mais convidativo e amigo de novos turistas.
Pensem nisto os muito ricos não dão a ganhar a muita gente. Esses não andam muito nos bairros, nas tasquinhas e nas mercearias. Antes preferem o hotel da lapa, Cascais, Estoril, a nova zona (des)urbana da Expo, a bica do sapato. Porventura o restaurante mais "very typical" que conhecem ou lhes darão a conhecer é o Pap'Açorda. Por isso pensem antes de dizer barbaridades.

Marta Sousa Freitas