26/02/2009

Presidente da Câmara quer mudar bombeiros para Monsanto



O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, vai tentar instalar o Regimento de Sapadores Bombeiros e a Protecção Civil no antigo restaurante panorâmico de Monsanto. Ciente de que o projecto não é pacífico entre os vereadores da oposição, o autarca apresentará como uma das contrapartidas da transferência a transformação em espaço de usufruto público o quartel da Av. D. Carlos I, onde os bombeiros se encontram neste momento instalados.

A mudança implica a reorganização de todo o contingente de combate a incêndios na cidade. Embora parte significativa dos bombeiros passe, se o plano for aprovado, para Monsanto, tornando assim mais rápido o combate a um eventual sinistro no parque florestal, o resto da cidade não ficará desguarnecida: a ideia é criar mini-quartéis em vários pontos da cidade e aproveitar aqueles que já existem. Ao nível da desconcentração de serviços o modelo que a autarquia pretende seguir é o nova-iorquino.Quanto ao recinto da Av. D. Carlos, o objectivo é aproveitar quer os edifícios que ficam vagos - eventualmente para actividades culturais -, quer o jardim sobreelevado que ali existe também. Foi neste local que existiu o Mosteiro da Esperança, erguido no séc. XVI para albergar freiras das famílias aristocráticas. O projecto de transferir os bombeiros para o antigo restaurante panorâmico deverá contar com a oposição pelo menos dos dois vereadores do grupo independente de Helena Roseta, que defende a reabilitação do edifício para outras finalidades, até pelo valor arquitectónico que ele encerra. Com sete mil metros quadrados, o imóvel integra várias obras de arte - painéis e altos-relevos - de artistas como Querubim Lapa, estando classificado como valor concelhio. Roseta defende que as obras que venha a sofrer não podem adulterar nem o antigo restaurante nem a sua envolvente. Desenhado nos anos 60 pelo arquitecto Chaves da Costa, o edifício é propriedade do município. Encontra-se ao abandono há perto de uma década, depois de ter sido discoteca e bingo, além de restaurante.Ontem, na reunião de câmara, António Costa referiu-se ao insucesso de todos os negócios que até hoje passaram pelo recinto para justificar a sua adaptação a novas funções.
Público 26.02.2009

Este executivo insiste nos mesmos erros que os que o antecederam e vê, erradamente, no Parque florestal de Monsanto uma reserva de terrenos onde tudo cabe, mesmo o que não deve caber, onde enfiar tudo o que por este ou por aquele motivo não cabe no centro da cidade. Infelizmente mudam os protagonistas mas a politica é exactamente a mesma, assim como continua a valer mais fazer mal do que não fazer nada.


Que índices de construção vão ser necessários? Que zonas de mata vão ser prejudicadas? Como se vão movimentar os carros de bombeiros em estradas estreitas, de sentido único, que deveriam ser cada vez mais frequentadas e indicadas para ciclistas e pedestres que cada vez mais as frequentam? Como vai conviver este tráfego intenso e constante com um parque que se deseja cada vez mais como sendo um sítio agradável e tranquilo e que deveria ter com urgência um plano de acalmia de trânsito? Qual o impacto deste investimento num parque onde constantemente se tomam, ou tentam tomar, medidas aleatórias, sem uma politica coerente que sirva de base ao que verdadeiramente são os anseios dos lisboetas que cada vez mais o frequentam como espaço privilegiado de contacto com a natureza e de liberdade? Que interesses servem verdadeiramente esta medida? Os da cidade ou de quem quer libertar terrenos valiosos no centro de Lisboa? Porque não realizar um concurso de ideias para o edifício e ,então, depois decidir? Dizer, como se afirma no texto, que com a transferência dos bombeiros o combate a incêndios será mais rápido é no mínimo falacioso. Os bombeiros já existem dentro do Parque onde realizam um trabalho fundamental e louvável na sua protecção. Está também dotado, em vários pontos,de reservatórios de água e bocas-de-incêndio. Colocar mais bombeiros em Monsanto é como chover no molhado e serve tudo menos os interesses do Parque, serve tudo menos a população do centro de Lisboa que ficará mais desprotegida.


Era uma vez um recente Presidente da CML que tentou fazer uma mudança radical em Monsanto, fez algumas obras exelentes como o simples encerramento da alameda Keil do Amaral, completou ou preservou outras igualmente bem feitas por seus antecessores mas, paralelamente, na sua ânsia de fazer, queria fazer grandes asneiras como transferir a feira popular, enfiar o hipódromo do campo grande e sabe-se lá mais o quê. Felizmente sabia ouvir e soube recuar, felizmente tinha, como Director do Parque ( na linha de outro director que o antecedeu), um Funcionário, um Quadro que dirigia uma equipa, tal como ele, altamente competente e interessada que já tinha participado e idealizado outras excelentes iniciativas em Monsanto. Infelizmente, isso, hoje, parece não acontecer. Assim como parece ter-se deixado de ouvir quem quer que seja.

10 comentários:

Carlos Moura disse...

pena é que o público esqueça, como aliás convém, que foram apresentados requerimentos ao Presidente da Câmara pedindo esclarecimentos sobre este plano que é, aliás, do desconhecimento da Vereação.
Se os vereadores do Movimento dos Cidadãos por Lisboa, conhecem e se podem pronunciar parece-me bem, mas acho curioso que com tanta oposição pública tenham retirado a proposta sobre o Restaurante. Talvez fosse melhor explicarem porquê...

Anónimo disse...

Algém me poderá informar o que se passa com as obras na Casa dos Bicos ? Já será para o milionário Saramago, pagas com o nosso dinheiro ? É que vejo tapumes e andaimes na fachada ...

Anónimo disse...

"Porque não realizar um concurso de ideias para o edifício e,então, depois decidir?.."

Isso sim....é um bom começo...PARA TUDO !!!!

JA

Anónimo disse...

Se houvesse um incêndio florestal de grandes dimensões em Monsanto - e valha-nos Deus disso acontecer - não correr-se-ia o risco destas duas instituições, essenciais em casos de sinistros, ficarem comprometidas na sua segurança?

Marta disse...

A casa dos Bicos vai sofrer uma nova "recauchutagem". Que tristeza, sinceramente, se do edifício original apenas resta o "bocado de fachada" dos 2 primeiros pisos. O resto, para quem não sabe é tudo "novo em folha" os outros dois pisos foram uma reprodução "pastiche" do original. Já a medonha coisa de vidro que está a fazer fachada a Norte, veio-se a substituir a um muro com uma porta apenas que encerrava um pátio por onde se acedia a uma escadaria interior que ligava essa rua ao campo das cebolas, a uma cota inferior. Aquilo agora é um invólucro com dois "embrulhos" e património dentro. O Mestre Manuel Vicente que me desculpe, mas aqui não soube ver a coisa. Ou então foi irónico e fez de facto um "embrulho" para conter "património" já que do edifício resta apenas uma memória de fachada adulterada. Mas restando apenas azulejaria onde se pode ver o edifício original é provável que daí se podesse fazer pouco. Não sei em que estado estaria o edifício quando O Arq. santa-Rita e o Arq. Manuel Vicente pegaram no edifício, mas a escada tornou-se "cenográfica" perdendo a função original de ligação das duas cotas, e encerra-se a fachada norte à rua, embora despindo o "recheio" da casa. Acho que é provável que à casa dos bicos aconteça coisa semelhante à "fachada" da Estação do rossio. O recheio está sempre a mexer.

Marta disse...

enganei-me substitua-se podesse por pudesse.

Anónimo disse...

Monsanto não tem incêndios florestais porque não se faz negócios de madeira com as arvores do parque. Onde não há interesses madeireiros ou imobiliários não há incêndios.

Anónimo disse...

Desculpe dizer-lhe Xico205 mas fogos florestais existem onde há árvores e é só o que é necessário! Outros factores, dos quais os que menciona, potenciam os fogos mas não são condição "sine quo non" para fogos. Só o facto de lá estarem os bombeiros já aumenta o risco de fogo, não concorda?

Anónimo disse...

Sim existe uma pequena margem em que os incêndios florestais não são causados por mão criminosa ou por acumulação de lixos inflamáveis. Mas como o Parque Florestal de Monsanto até tem um bom acompanhamento de limpeza e vigia direi que o risco de incêndio é baixo.

Anónimo disse...

Caro Vereador Carlos Moura,
Não foi retirada. Foi adiada. E aguarda novo agendamento. Seguiu novamente com as restantes propostas que aguardavam parecer dos serviços...