Rua de São José
Meio metrito de passeio de cada lado para os peões, e três metros para os automóveis circularem. Já tenho alguma dificuldade em aceitar esta assimetria da divisão do espaço, quando se trata de uma rua onde há mais peões do que automóveis (e a diferença só não é maior exactamente por culpa da assimetria), quando se trata de uma zona habitada por uma população idosa com dificuldade a andar (tenho pena de não ter apanhado a cara de uma velhota aterrorizada a tentar equilibrar-se com a sua bengala no mini-passeio), quando a maioria absolutíssima dos residentes não têm carro. Mas enfim, por uma questão de solidariedade - os automobilistas não conseguiriam passar com menos espaço - ainda se aceita.
O que é chocante é que a rua não tem só essa largura. Há ainda ali outros dois metros para serem atribuídos. E isto é que me ultrapassa, os dois metros que sobram não são atribuídos à vasta maioria - aliás à totalidade, porque todos somos peões - que já era prejudicada, vai sim para a minoria. E que minoria! Cabem ali uma dúzia de carros num local onde passam centenas de peões.
E como todos sabemos esta cena não é um exemplo raro ou extremo, ela repete-se por quase todas as ruas de todos os bairros históricos da cidade.
Curiosidade: em Tóquio, um habitante só pode registar o seu carro depois de provar que tem onde estacioná-lo.
O que é chocante é que a rua não tem só essa largura. Há ainda ali outros dois metros para serem atribuídos. E isto é que me ultrapassa, os dois metros que sobram não são atribuídos à vasta maioria - aliás à totalidade, porque todos somos peões - que já era prejudicada, vai sim para a minoria. E que minoria! Cabem ali uma dúzia de carros num local onde passam centenas de peões.
E como todos sabemos esta cena não é um exemplo raro ou extremo, ela repete-se por quase todas as ruas de todos os bairros históricos da cidade.
Curiosidade: em Tóquio, um habitante só pode registar o seu carro depois de provar que tem onde estacioná-lo.
15 comentários:
Pois como a Rua de S. José estão outras. Mas não há apenas 3 metros para a circulação automóvel, há mais três ao lado do passeio minúsculo para estacionamento. Sinceramente o melhor seria retirar o estacionamento, manter a circulação automóvel e distribuir o espaço do estacionamento para aumentar a largura do passeio dos dois lados. Quanto ao estacionamento criem-se estacionamento em silos, reserve-se um edifício por bairro para criação de estacionamento automóvel. Com pagamento de avenças mensais, com penalizações a agregados que tivessem mais de um automóvel. Atenção um agregado não é um tipo, ou tipa que vive só.
Marta Sousa Freitas
E o passeio ridículo da rua da Rosa, cheio de ferros cravados no passeio que impedem o estacionamento mas também uma circulação normal num passeio, quando há mercearias que põem produtos em caixas à porta e caixotes do lixo. É só mais um exemplo de quão desconfortável é andar a pé em lisboa. E as senhoras desistam dos saltos altos, adoptem as botas montanha para caminhar em Lx, espero que em alguns locais de trabalho não se incomodem de ver as senhoras de botas de montanhismo.
Concordo completamente. Elimina-se o estacionamento e fica-se com uma faixa de rodagem e um muito bom passeio.
E já agora, uma opinião que nem tem a ver com a fotografia: A questão do tabu "calçada portuguesa". Que tal repensar o uso de calçada portuguesa por toda a cidade de Lisboa? Porque não deixá-la apenas em determinadas zonas consideradas de importância histórica e cultural e passar a usar o tipo de material que se usa no resto das cidades civilizadas na europa? É que queiramos quer não, e apesar de ser muito bonita para se ver, a calçada portuguesa não é nada prática para se caminhar e, na maior parte das vezes, está em mau estado, com ervas e buracos. Não seria do elementar bom senso usar um material mais resistente, prático, barato e que requeresse menos manutenção? Afinal de contas, uma cidade não é um museu, mas sim um espaço vivo que evolui na medida das necessidades dos seus habitantes e da disponibilidade de novas tecnologias e materiais.
Porque será provavelmente a calçada de cor branca que dá alguma beleza às ruas, no meio de tantos edifícios cinzentos e automóveis. O mais provável era ser substituída por blocos de cimento ou por betuminoso. Não obrigado. Que fique a calçada, e se necessários que se mantenha o tabu!
Concordo, ou em alternativa que se faça passeios coloridos como é o caso da nova urbanização Jardins da Amoreira na Serra da Amoreira em Odivelas que está um conjunto agradável e bem enquadrado. Esta nova urbanização é do Arquitecto Tomás Taveira.
Credo ò Xico205, que mau gosto! Sinceramente.
Marta Freitas
querem transformar lisboa num conjunto de legos?!
Por mim, o passeio poderia ser de qualquer tipo de material ou cor (dentro dos limites do bom-senso), desde que desse para andar à vontade a pé ou de skate, ou para empurrar um carrinho de bebé. Agora, ter um passeio que fica muito bem visto de longe, mas que quando se põe o pé em cima, se corre o risco de contrair uma entorse a cada passo...
Caro fil,
Continuo sem concordar consigo. O problema mantém-se em qualquer tipo pavimento quando não é mantido, seja este em betão, betuminoso, blocos de betão, pedra, o que seja.
Relativamente a outros pavimentos, a calçada terá provavelmente a desvantagem de ser mais escorregadia. Mas tem a vantagem de poder ser facilmente levantada e fechada para a passagem de serviços.
Duas notas: eu empurro todos os dias um carrinho de bébé. De facto, por vezes tenho dificuldade, mas uma vez mais devido à falta de manutenção, não por ser calçada;
Estive em Londres quando foi substituído todo o pavimento da Oxford Street, constituído por lages de betão com cerca de 600x600mm. Ao fim de um mês, tirando o facto de já não existirem lages quebradas, já não se notava que tinha sido substituído, tal a rapidez com que "envelheceu".
Abaixo imagem de alguns pavimentos alternativos, e o que lhe acontece sem manutenção adequada.
http://flickr.com/photos/53921762@N00/2291344364/
http://474towin.blogspot.com/2008/05/do-pavement-surfaces-really-matter.html
Não sei como, mas apaguei o comment que já tinha escrito...
Enfim. O que queria dizer é que, sem dúvida que a manutenção é uma questão muito importante. No entanto, e não sendo eu um expert, parece-me que a manutenção de lages de betão será bem mais barata que a manutenção de calçada portuguesa. Por outro lado, estou a falar de usar outro tipo de pavimento em ruas como as daqui do bairro (graça/anjos) e não em ruas hiper movimentadas como a oxford street em londres. Com a calçada portuguesa, qualquer pequena chuvada faz desaparecerem do sítio uma série de pedras.
Caro fil,
A calçada portuguesa, é uma boa solução de pavimento, equivalente a tantas outras. E como todas as outras soluções de pavimentação, com a falta de manutenção, degrada-se rapidamente. Não conheço particularmente as calçadas da Graça ou Anjos, mas as das Baixa, nomeadamente a Rua Augusta e Rossio, que piso todos os dias, que são razoavelmente mantidas, encontram-se em muito bom estado, e com bom aspecto vários anos depois de terem sido aplicadas. E depois de várias chuvadas, continuam no sitio.
R Dias, a qualidade das calçadas da baixa e de outros sítios nobres de lisboa nada têm a ver com a qualidade da maior parte das calçadas de bairros como os da graça ou anjos, ou de qualquer outro sítio menos turístico. Isto, claro, deve-se à manutenção, que é muito mais cuidada nas partes nobres da cidade. Onde eu pretendo chegar, é que nestas zonas menos "glamourosas" poderia ser usado um tipo de pavimento cuja manutenção requeresse menos investimento, e menos expertise, e que ao mesmo tempo não é inferior em termos práticos, à calçada. Bem pelo contrário.
Por outro lado admito que a calçada portuguesa tem um charme muito próprio e fica muito bem esteticamente. Mas volto a vincar a minha opinião de que as cidades têm que evoluir e aproveitar os novos materiais e técnicas disponíveis de modo a melhorar a vida dos cidadãos. A mim, encanta-me contemplar o casario decadente a partir do miradouro da graça, por exemplo, mas tenho a certeza de que as pessoas que vivem naquelas casas prefeririam que as casas tivessem vidros duplos, bom isolamento, telhados novos, pintura nova. Enfim, não sei se me faço explicar ou se este é o melhor exemplo.
cumps
Bastava as pedras da calçada serem de granito, para serem mais duradouras.
Bastava as pedras da calçada serem de granito, para serem mais duradouras.
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