20/02/2009

Lago do Campo Grande limpo ao fim de 11 anos

Lisboa. Operação da câmara ficará concluída no princípio de Março. Água foi drenada e o lodo removido. Última limpeza aconteceu em 1998

Faz lembrar um derrame de crude numa costa portuguesa. Há lodo por todo o lado - em cima das pedras, amontoado em ilhotas de lixo, espalhado em tapetes que cobrem canteiros, relva e pavimento. Mas não se trata de um desastre ecológico, são os funcionários da Câmara Municipal de Lisboa que estão finalmente a limpar o lago central do Jardim do Campo Grande. Uma operação de limpeza que só vai ficar concluída no início de Março, mas que não acontecia desde 1998.

Onze anos foi tempo suficiente para o lixo tomar conta do fundo do lago. A água teve de ser drenada, os peixes transferidos para um tanque provisório e os patos distribuídos por outros jardins da capital. Com o recinto seco, foi preciso usar as mangueiras para expulsar as toneladas de lama que se acumularam ao longo da última década: "Em muitos locais, o lodo atingia quase um metro de altura", conta um funcionário da autarquia. A operação começou há uma semana e, segundo fonte da câmara municipal, só estará terminada amanhã. Na segunda-feira, terá início o enchimento do lago e, uma semana mais tarde, começam os arranjos na zona envolvente. "No início de Março estará tudo pronto", explica o mesmo responsável.

Após a intervenção, os barcos a remos poderão regressar ao lago e as zonas interditas deixarão de existir. "Antes da limpeza havia sítios em que não se podia navegar porque se corria o risco de as embarcações ficarem atoladas no lixo", recorda Arménio Pereira, apontando para as traseiras da esplanada. Mas nem sempre foi assim, esclarece o morador do Campo Grande.

Há "20 ou 30 anos", o jardim estava cheio de famílias que faziam piqueniques e "apanhavam banhos de sol". Mas os tempos são outros. Insegurança, falta de manutenção, degradação do rinque de patinagem, dos campos de ténis ou da piscina fizeram com que os lisboetas se afastassem do espaço verde, que aguarda obras de requalificação, anunciadas desde 2001
In DN

Já não era sem tempo! Agora faltam as obras de requalificação, era bonito aproveitar esta febre de obras publicas e fazer algo que não fosse uma autoestrada... daydreaming claro!

22 comentários:

R. Grazina disse...

vamos ter o campo grande de volta???? :)

Anónimo disse...

Um "espaço verde" só e "árido" sem nada à volta e com falta de manutenção, torna-se num espaço rejeitado e temido pela população.
Seria interessante se percebessemos o fenómeno "centro comercial" e o que atrai nas "gentes" estes espaços? Segurança? Muita gente? Iluminação? Diversidade? "Genérico de Espaço público" abrigado?
Não quero com este exemplo dizer que aos espaços verdes faltam estes componentes, mas talvez "mecanismos" que provoquem ou gerem esse sentimento de procura pela população.
Em Londres os parques, espaços verdes e praças têm uma manutenção exemplar, uns têm galerias de arte (serpentine gallery), museus, cafés, mercados, igrejas, próximas ou dentro destes. Será que não faltará aos nossos esta articulação, para se tornarem espaços vivos ou mesmo rentabilizarem a sua manutenção?

Marta Sousa Freitas

Anónimo disse...

"Em Londres os parques, espaços verdes e praças têm uma manutenção exemplar, uns têm galerias de arte (serpentine gallery), museus, cafés, mercados, igrejas, próximas ou dentro destes. Será que não faltará aos nossos esta articulação, para se tornarem espaços vivos ou mesmo rentabilizarem a sua manutenção?"

O problema está em que a mentalidade cultural e civil dos londrinos não é propriamente comparável à dos lisboetas (tanto de quem usufruí como de quem dirige a manutenção)...

AD

Alexa disse...

Impressionante esta notícia, de facto!...

Achei muito interessante a reflexão da Marta!
E, tal como AD, penso que parte do busílis da questão está na mentalidade cultural portuguesa.

Vivi algum tempo em Paris e o facto com que fiquei mais surpreendida foi quando, certo dia, vi 2 homens de negócios sentados no Jardim du Luxembourg a terem uma reunião de trabalho.
Podem não acreditar, mas é bem verdade!

O mais curioso é que, tendo este sol magnífico que nós temos em Lisboa, as pessoas prefiram ir para dentro de centros comerciais!

Marta disse...

Caro AD, já estou farta do falta de responsabilização e falta de chamada de atenção ao civismo que deveria ser mantido pela população portuguesa (lisboetas neste caso).
É o mesmo que termos filhos malcriados e nunca os chamarmos a atenção e aplicarmos correctivos, porque achamos que nunca serão diferentes. Olhe tenho a dizer-lhe que vi muito lixo a ser atirado para o chão em Londres e não vi muitos caixotes na rua, inclusivé na zona de Westminster. O que se passava é que vi também muitos homens com saco e paus com um pico na ponta a apanhar papéis na rua. Uma boa forma de criar mais postos de trabalho. Pagar a jardineiros, a senhores dos lixo etc.

Marta Sousa Freitas

Anónimo disse...

Não são as pessoas as culpadas da situação de abandono dos espaços verdes, mas sim os próprios parques, que os projecta e quem os mantém.

As pessoas procuram lazer e passar o tempo, em Portugal há o hábito de ir para a praia apanhar um solzinho desde que o tempo o permita, esticar as penas, dar uns remates na bola, em Paris ou Londres não há esse hábito, também porque não há praia, mas sim bons parques.

Como são os espaços verdes em Portugal? Sujos, imundos, inseguros, com sem-abrigo a dormir nos bandos, seringas espalhadas pela relva, vedações de pouca altura a separar os trilhos do espaço arelvado (!), arvores, muitas arvores, tantas arvores que não se vê o sol ou as nuvens, só arvores sombras e escuridade, esse ar algo tenebroso/misterioso pode ter lógica num parque natural como Sintra, mas não num mini parque urbano, as pessoas querem acima de tudo era luminosidade, sol, espaço, deitar-se, estar a vontade, vamos de Belém a Alcântara e não falta gente naqueles espaços num fim de semana, a Expo a mesma coisa, vamos a muitos parques urbanos espalhados por ai, alguns até conhecidos como matas (mata de Benfica), e não vemos lá grande coisa, nem ninguém, porque será?

Anónimo disse...

Eu sempre gostei de passear e andar de bicicleta no Parque da Bela Vista na altura em que havia um acordo entre CML e moradores da zona em que os moradores é que tratavam do parque, antes de este ser murado e agora estar ao abandono!

M Isabel G disse...

E que tal está a esplanda? Que tal o concessionário?

Em Berlim vi há pouco tempo imensos funcionários de escritórios, lojas, etc. levarem os seus almoços para os jardins quando está sol.
Ou então comem nos pequenos snacks que há instalados nesses jardins.

Anónimo disse...

No jardim do Campo Grande, em frente à Câmara, há um barraco imundo cheio de grafittis. Não sei para que serve, mas há era altura de alguém olhar para ele.

efcm disse...

não acredito preciso de fotos para acreditar.

agora mais a serio alguem sabe se existem algumas fotos desta boa noticia?

Anónimo disse...

"já estou farta do falta de responsabilização e falta de chamada de atenção ao civismo que deveria ser mantido pela população portuguesa (lisboetas neste caso).
É o mesmo que termos filhos malcriados e nunca os chamarmos a atenção e aplicarmos correctivos, porque achamos que nunca serão diferentes."

Eu também estou farto destas frases mais que usadas, mas é um facto, que infelizmente não pudemos ignorar. Se as pessoas se comportam desta forma não é apenas porque a sua educação civil ou cultural é parca ou até mesmo nula, fazem-no porque as deixam fazer. Se fossem penalizadas, como acontece noutras capitais europeias, talvez aprendessem. As pessoas não se fazem, fazem-nas.


"Olhe tenho a dizer-lhe que vi muito lixo a ser atirado para o chão em Londres e não vi muitos caixotes na rua, inclusivé na zona de Westminster. O que se passava é que vi também muitos homens com saco e paus com um pico na ponta a apanhar papéis na rua. Uma boa forma de criar mais postos de trabalho. Pagar a jardineiros, a senhores dos lixo etc."

O civismo não se revela obviamente a todos os níveis. Em também vi muito lixo por Londres, o metro está muito pior que o nosso (restos de comida espalhados pelo chão e pelos bancos, jornais - como agora também se vê por cá), as zonas menos visitadas também tem a sua percentagem de lixo. E Paris, quando lá estive em 1993 não estava muito diferente.
Mas, tal como diz, eles solucionaram a questão com a criação de empregos nessa área.
Eu em Lisboa raramente vejo equipas de limpeza, a não ser as que andam a recolher os contentores.
De qualquer modo estamos a falar de parques e jardins, que tirando os já referidos Belém e Expo, poucos se podem comparar com Hyde Park, St. James Park ou Green Park.
Sendo a Gulbenkian uma excepção, uma vez que não é público, mas sempre que há um raio de sol que seja enche-se de gente.

AD

Anónimo disse...

AD, na última greve dos funcionários da higiene Urbana, o sindicato queixou-se que há um défice de 200 cantoneiros, o Costa disse que não contratava mais ninguém porque a CML necessita de reduzir custos!

O ideal era que se desse prioridade para encher essas vagas a arrumadores (para se acabar com essa praga) e a sem-abrigo a ver se se conseguia reinserir essas pessoas na sociedade, visto que algumas têm vontade mas não têm quem lhes dê a mão.

Anónimo disse...

Concordo

De qualquer modo era mais útil reduzir custos em viaturas e assessores do que na limpeza, no meio do lixo não vive (ou pelo menos em condições!)

AD

Anónimo disse...

Os padrões de "um bom jardim" parecem existir na Gulbenkian...ou estou enganado? O que é que esse tem, que falta nos outros? Quanto a segurança, essa é muitas vezes só dependente da falta suficiente de visitantes.
Muitos dos jardins de Göteborg parecem campos de batalha lá por as 6 horas da manhã de um sábado/domingo....às 8 horas, está tudo como se a noite de farra nunca tivesse acontecido.

JA

Anónimo disse...

Quanto à "falta de dinheiros públicos" para a criação de novos postos de trabalho, para contratar jardineiros e srs. que limpem as ruas e jardins, acho que é falso.Se calhar, não havendo dinheiro, poderse-ia contratar, como se faz nos E.U.A, presidiários para não ficarem o dia todo sem nada fazer e assim seria também uma forma de se voltarem a integrar na sociedade.
O pagamento destes funcionários seria, em caso de bom desempenho e comportamento, a redução de pena e direito a posterior emprego, nas mesmas funções (em caso de necessidade) na Câmara.

Marta Sousa Freitas

Anónimo disse...

poder-se-ia (correcção)

Anónimo disse...

fui eu que corrigi, esqueci-me de assinar

Marta

Anónimo disse...

Não é preciso ir aos E.U.A. para ter exemplo.
A CMSintra usa esse sistema para a manutenção dos chamados Parques de Sintra/Monte da Lua, empresa responsável pela administração dos Parques da Pena, Monserrate, Castelo dos Mouros e Convento dos Capuchos, resultado de uma pareceria, que entre outros incluí o IGESPAR e o ICN, além da própria CM.
Deu à poucas semanas uma reportagem sobe isso na RTP.

AD

Anónimo disse...

o jardim é um viveiro de gatunos...aliás quem se arrisca a passar "duas auto-estradas" para ir passear?

Depois, no meio da silva, há uma esplanada tão má, que nem sei como é que ainda não foi fechada pela ASAE...e ainda por cima é concessionária da CML.

O piso do jardim parece um caminho de cabras, não há iluminação e o mobiliário de rua parace que foi turado de uma terramoto...

aquele sitio é o verdadeiro buraco negro...

M Isabel G disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
M Isabel G disse...

Hei-de lá passar para tirar fotografias.
A concessionária da esplanada é a mesma??
Este último anónimo está certíssimo:
- QUem é que se arrisca a atravessar duas vias rápidas para passear?
Os caminhos do jardim, a iluminação, o mobiliário urbano... tudo aquilo é sinistro.
Recordo que uma vez fizeram uma campanha de apanha de lixo, mas não passou de foguetório.
Como de costume, nada se conserva, nada se mantém e a cidade está como está.
Muito foguetório, cobertura dos media para um mês depois estar tudo de novo ao abandono.
E um edíficio da CML ali tão perto :)

Anónimo disse...

Se dissermos que parte da minha infância foi passada no jardim do Campo Grande por proximidade geográfica à casa dos meus avós, não me parece que atravessar estradas fosse um obstáculo. Quanto ao estar cheia de gatunos, creio que nesse jardim não se encontram mais do que noutros da cidade! Quando o frequentava mais assiduamente apenas reparei que tinha uma alta densidade populacional de ratazanas.