In Diário de Notícias (26/1/2007)
Luísa Botinas*
«A equipa liderada por Carmona Rodrigues vai prosseguir com o mandato mas um dos seus elementos fica, temporariamente pelo caminho. Gabriela Seara, o braço-direito do presidente, anunciou que pediu a suspensão das funções de vereadora, consequência da sua constituição como arguida no caso Bragaparques.
Depois de o escândalo ter rebentado na terça-feira, esperava-se a todo o momento o esclarecimento do PSD sobre os contornos do caso que abalou o funcionamento da maior autarquia do País. Mas foi preciso esperar cinco longas horas até se conhecerem pormenores de um encontro que juntou Carmona Rodrigues e os 17 vereadores do executivo. Na reunião ficaram a conhecer-se pormenores das diligências realizadas no quadro da operação policial e que Gabriela Seara é suspeita de participação em negócio e prevaricação enquanto titular de um cargo público. Os vereadores ouviram depois a sua decisão de suspender funções.
Mais tarde, após a elaboração de um comunicado conjunto sobre os factos ocorridos, subscrito por unanimidade e distribuído à comunicação social, Gabriela Seara veio de viva voz, acompanhada por todos os vereadores da equipa e com Carmona do seu lado direito, anunciar publicamente a sua posição. "Tomei a decisão de solicitar a suspensão do meu mandato de vereadora na Câmara de Lisboa e de me disponibilizar perante o procurador-geral da República pedindo-lhe que seja feita uma integral e rápida investigação."
À sua frente, algumas dezenas de funcionários municipais esperavam ansiosos pelas suas palavras. Vindos de diversos gabinetes, todas as forças políticas com assento no executivo encheram a Sala Dourada dos Paços do Concelho, habitualmente reservada para as grandes ocasiões. O ambiente que antecedeu a comunicação da vereadora era de tensão e o nervosismo era visível em algumas caras. Após a leitura do texto para as televisões, ouviram-se aplausos, sobretudo de trabalhadores ligados aos pelouros tutelados pela vereadora com funções agora suspensas.
Carmona continua
Se na sua intervenção Gabriela Seara disse não ter condições para continuar a trabalhar, mesmo "estando tranquila" e "não tendo sido ouvida ainda", já Carmona Rodrigues considerou que a equipa as reunia. "O presidente e os vereadores que integram a maioria declararam que consideram não existir qualquer impedimento legal ou político à normal prossecução do mandato", lia-se no comunicado.
Sá Fernandes não partilha essa posição. "Esta câmara continua em crise de credibilidade", disse. Mantendo que cumprirá o mandato que lhe foi "conferido na defesa dos interesses da cidade", tal como o resto da oposição, defendeu o princípio da presunção da inocência e a rápida conclusão das averiguações. O vereador bloquista disse que esta câmara só tem futuro se mudar de estratégia, anular o negócio do Parque Mayer e criar uma comissão de inquérito a todas as polémicas do urbanismo. É isso que levará à reunião, segunda-feira, entre o presidente e os líderes de cada bancada na vereação.
Dias Baptista, do PS, sublinhou que acima de tudo "Carmona e a equipa têm de garantir condições de estabilidade governativa, muito para além da legitimidade política que os sustenta." Ruben de Carvalho, do PCP, sustenta que a oposição deve continuar a desempenhar o seu papel. Quanto aos cenários sobre eleições antecipadas, defendeu que antes de mais se deve esclarecer todo este caso e só depois actuar. * Com Filipe Morais »
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