In Jornal de Notícias (26/1/2007)
Ana Fonseca, César Santos
«O presidente da Câmara de Lisboa foi ontem mandatado para solicitar pessoalmente ao procurador-geral da República (PGR) "a rápida conclusão dos processos de averiguação" em curso pela Polícia Judiciária na autarquia. O documento foi aprovado por todos os vereadores (maioria e oposição), durante uma "reunião de emergência" convocada por Carmona Rodrigues. No mesmo dia, a vereadora do Urbanismo, Gabriela Seara, constituída arguida, no âmbito do processo Bragaparques, apresentou a suspensão do mandato por oito meses.
O chefe do executivo lisboeta, que irá assumir todos os pelouros de Gabriela Seara, com excepção da Juventude, considerou "não existir qualquer condicionamento legal ou político à normal prossecução do mandato". E os partidos da oposição manifestaram igualmente a sua disponibilidade para cumprirem os seus cargos. A ténue estabilidade camarária pode, no entanto, sofrer novo golpe, caso se venha a confirmar a constituição de novos arguidos entre a vereação.
Na conferência de imprensa, Gabriela Seara - que será substituída pelo nome que se segue na lista do PSD, Rodrigo Saraiva - alegou que os episódios dos últimos dias e o facto de ter sido constituída arguida afectam negativamente a sua imagem. Além disso, "instalam um clima de suspeição sobre cada acto que venha a praticar".
Afastado para já o cenário de eleições intercalares, os vereadores da oposição exigem agora da maioria establidade governativa, "algo que terá de ser garantido pelo executivo laranja" defendeu o socialista Dias Baptista. "Neste momento importa dar um contributo de grande serenidade, porque a situação na Câmara é grave" disse, lembrando que, "se houvesse eleições, o PSD continuava a ter maioria na Assembleia Municipal, o que poderia criar mais problemas".
Mais radical - e apesar de ter subscrito o documento aprovado na reunião - o vereador do BE, José Sá Fernandes considerou que "houve uma fuga para a frente". "A Câmara de Lisboa está numa profunda crise de credibilidade e hoje (ontem) não se discutiu isso", disse. Ruben de Carvalho, do PCP, defendeu o esclarecimento da situação "Averigue-se. Esta situação é insustentável" e "tem reflexos no dia-a-dia dos dez mil funcionários da autarquia".
Das hostes laranjas surgiu, entretanto, uma crítica aguçada ao líder do PSD, Marques Mendes, por ter apoiado Carmona Rodrigues para a Câmara de Lisboa. No seu blogue, o santanista Luís Filipe Menezes escreveu que "a menina bonita das opções de fundo do líder do PSD, em termos de gestão autárquica, está ferida de morte". Lisboa está "debaixo do fogo judicial" que "arderá toda a legislatura", disse, criticando Marques Mendes por "lavar as mãos" e desafiando-o a "assumir por inteiro as consequências políticas da sua decisão de há dois anos. (...)»
26/01/2007
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