07/01/2010

Denuncia de situação degradante no gaveto da Avenida da República com a Av. António Serpa

Chegado por e-mail:



Exmos. Snrs.

Desde Já gostaria de elogiar e congratular o blog por vós criado. É com alguma indignação que tenho seguido atentamente o desenrolar e a denuncia dos muitos atentados que têm sido perpretados contra a cidade de Lisboa.
Num país em que a inércia e a falta de civismo está na ordem do dia, o vosso Blog é um verdadeiro oásis.
Penso que dentro das suas possibilidade, é também uma excelente ferramenta e uma forma de travar a corrupção que nos dias de hoje impera na politica em Portugal, mais concretamente a nível camarário, particularmente em Lisboa.

Vinha colocar à vossa consideração a cópia do e-mail aberto que enviei para a CML, hoje, denunciando uma situação grave de segurança, no gaveto da Avenida da República com a Av. António Serpa, correspondente à cratera, onde antes ficava o edificio ideal das avenidas. Trata-se nos dias de hoje de um buraco que serve de antro a sem abrigos a e a toxicodepentedes.
Sou Médico e trabalho na proximidade desse local. No email que enviei ao presidente da Câmara, reporto uma tentativa de violação por um criminoso nesse mesmo buraco aberto para a via pública ( os senhores se tiverem tempo de lá se deslocarem, verão com os vossos próprios olhos, o estado a que aquele sitio chegou), a uma colega, também médica, nos dias que antecederam o Natal.

Grave, não acham? Especialmente quando este tipo de situações e graças ao estado a que as instituições do país chegaram, parece ter-se banalizado.

Se acharem adequado, agradecia que o publicassem no Blog, para que a Câmara se sinta mais pressionada a resolvar pontualmente esta situação.



"Exmos srs Presidente da Câmara Municipal de Lisboa e vereadores,

Venho por este meio expor o seguinte assunto:

- Tenho 36 anos de idade, e sou alfacinha de gema desde o dia em que nasci. No curto espaço de tempo que vivi e denoto que corresponde a uma infima parte do tempo de vida da cidade de Lisboa desde a sua fundação, infelizmente já assisti talvez a mais malfeitorias e crimes perptretados sobre a cidade, do que os meus pais ou avós alguma vez assistiram.

- Vi e vejo a cidade a afundar de dia para dia, engolfada pela inqualificável sanha criminosa e desenfreada dos construtores civis ( veneno terrivel que irá ser a perdição deste país) com a conivência de politicos fracos, que mais não fazem senão cumprir os objectivos da sua própria agenda, qual ditadura ainda pior que a do estado novo, hipotecando assim o futuro de todos nós, e pior que isso, dos nossos filhos.

- A lamentável situação que venho reportar refere-se aos dias que antecederam este Natal. Sou médico Radiologista e trabalho num dos maiores consultórios de Lisboa de Radiologia, sito na malograda Avenida da República ( um verdadeiro eixo do mal, onde os patos bravos e os seus amigos destruiram um valioso património art nouveau, substituindo-o por horrorosas gaiolas), uma unidade modelo de qualidade nesta área da Medicina e um orgulho para cidade de Lisboa. Esta unidade está sediada na proximidade do gaveto ocidental da Avenida da República com a Avenida António Serpa, que tal como os senhores sabem ou deveriam saber era noutros tempos recentes a localização de um dos mais belos edificios de lisboa (o ideal das avenidas), com uma das mais bonitas fachadas dessa avenida. Tal como outros sucumbiu à voragem e à ignorancia de quem o devia proteger, tendo sido demolido no inicio dos anos 90, após anos e anos de incuria do propietário com o beneplácito da Câmara Municipal. Hoje em dia esse gaveto é um imundo e infecto buraco semi-aberto onde sem-abrigos e toxicodependentes se recolhem nas piores condições possiveis.

- O que se passou nessa véspera de Natal, foi que uma colega, também médica Radiologista, ao sair do seu local de trabalho, após uma longa jornada de trabalho, próximo das 19 horas, ( hora em que muitos dos Portugueses que verdadeiramente trabalham, saiem dos seus locais de trabalho), foi literalmente puxada para o dito buraco e agredida por um individuo, com o intuito de a molestar e violar. Valeram-lhe os reflexos rápidos e a presença de espirito, que a salvaram de uma tragédia. Como é obvio ficou em estado de choque, para não falar da indignição em relação ao que lhe acabara de suceder. Foram accionados os mecanismos devidos, sem que houvesse qualquer resposta (o habitual em Portugal).

- É aqui que me assaltam um sem número de questões.

- Os senhores que foram eleitos por uma maioria de Lisboetas, pretendem esperar até quando para solucionar este tipo de problema grave de segurança, que tem como causa o resultado do vosso descuido?

- Acham bem o estado em que se encontra a cidade?

- Ultrapassando a inercia associada à política portuguesa, não sentirão, sei lá, alguma piedade e preocupação pelas pessoas que vivem e trabalham na cidade, e pela própria cidade, infelizmente a mais prejudicada pelas vossas condutas?

- Gostaria de vos chamar a atenção em relação ao seguinte. Vivi em Bruxelas durante alguns meses no ano de 2007. Enquanto lá estive, tive a noção da força que um verdadeiro movimento de cidadãos pode ter. Situações como abate de árvores, que é feito de forma indiscriminada em Lisboa, lá daria no minimo origem a um procedimento judicial contra os responsáveis. E em Lisboa? Não me parece. É que a diferença entre nós e eles, passa pelo sentido de dever e pela honra pessoal, que parece ter pura e simplesmente se dissipado, no caso dos nossos governantes.

- Meus caros senhores, basta! Deixem-se de joguetes politicos, de guerras de Alecrim e Manjerona, cresçam e façam o que vos compete. Protejam os cidadãos e a cidade!

- Neste caso particular, já que não têm capacidade moral e mental para recontruirem no minimo a fachada do edificio que lá estava, conferindo um renovada dignidade àquele gaveto, obriguem judicialmente o propietário a selar devidamente o espaço, para que não aconteça ali de futuro uma desgraça.
É a vossa obrigação!

Sem outro assunto, subscrevo-me atentamente, desejando um excelente ano de 2010

Pedro Barão


Antecipadamente agradecendo a atenção por vós dispensada, subscrevo-me com os melhores cumprimentos, desejando-vos uma continuação de um excelente trabalho ao longo do ano 2010.

Pedro Barão

6 comentários:

Rodrigo disse...

sem comentários, tristeza o ponto que chegou esta cidade...

Xico205 disse...

Como se nas outras cidades não houvesse crimes! Só em Lisboa há crimes, só em Lisboa há drogados, só em Lisboa há lixo, só em Lisboa há carros, só em Lisboa é que há estas perolas de comentários!

Queixam-se à camara, a camara manda-os ir à PSP. A PSP consoante quem dá a entrevista ou diz que vai patrulhar o local e fica tuda mesma, ou então diz a verdade, que a esquadra do Campo Grande só tem duas viaturas (quando funcionam) e tem que patrulhar desde o fim do Campo Grande ao Saldanha e Bº de Alvalade.

Anónimo disse...

Cumprimentos ao Pedro Barão e pela sua coragem.

Rodrigo disse...

só em lx o centro é destruído desta maneira, não me lembro de ver em madrid, londres, paris, no centro financeiro da cidade, este nível de degradação. E faço sempre queixas daquilo que não concordo e daquilo que acho que pode ser melhorado e mais dou também sugestões de soluções. Agora que caí tudo em saco roto, como é habito por cá.

Xico205 disse...

Esta noticia é de Oeiras, mas em Lisboa passa-se o mesmo: http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=A567055E-46D1-404E-8007-B2E060286B53&channelid=00000010-0000-0000-0000-000000000010

A noticia não diz que muitas oficinas se recusam a arranjar carros da PSP pq a policia tem uma divida enorme.
Mas fiquem descançados que para guardar os ministros e deputados não faltam policias nem carros e se for necessario dinheiro para arranjar algum, ele aparece na hora, é tudo uma questão de prioridades.

Luís Alexandre disse...

Bem observado Xico205, é de facto um país muito especial este o nosso.
Lembro-me de em tempos ter lido que se tinha trazido elementos do BOPE (Rio de Janeiro) para um curso de formação destindado exclusivamente ao "corpo de elite" da PSP que protege as altas individualidades. Não seriam, os ensinamentos e a experiência do BOPE, bem mais úteis para o corpo de intervenção?