A exposição foi «uma homenagem da Assembleia da República ao autor do projecto original do Hemiciclo inaugurado em 1903». De facto, este será sem dúvida um dos mais importantes criadores de arquitectura para a jovem República Portuguesa, nomeadamente para a capital. Afinal, Ventura Terra foi candidato, e eleito, Vereador Republicano para a Câmara de Lisboa em 1908.
Os edifícios que projectou para Lisboa foram verdadeiros modelos, pois fundaram um padrão de qualidade que faltava à capital. Muitos construtores civis copiaram elementos da sua arquitectura ajudando assim a criar uma determinada imagem de prédios de rendimento nas primeiras duas décadas do séc. XX.
Lisboa já demoliu várias obras suas (ex: Av. António Augusto de Aguiar e Rua Duque de Palmela 35-37) mas ainda sobrevivem cerca de 26. Destas, algumas estão em sério risco de demolição como a Casa de Júlio Gualberto Costa Neves na Rua Rosa Araújo 37 e o conjunto de três prédios erguidos pelo republicano Joaquim dos Santos Lima na Av. da República 46 / Av. Elias Garcia 62.
A 11 de Julho de 2005 a CML, mais precisamente a Vereadora Eduarda Napoleão, aprovou a demolição integral dos interiores. Apenas ficam as fachadas principais pois as posteriores serão também demolidas.
Obras com projecto de 1906, constituiem exemplos raros dos prédios de rendimento de luxo da Av. da República. Os interiores, perfeitamente recuperáveis, são de grande qualidade espacial e construtiva. Apresentam tectos de estuques artísticos, paineis de azulejo Arte Nova e portas de madeiras exóticas. A entrada do prédio de gaveto, marcada com um grande arco de cantaria, é um trabalho notável. Após transposto o átrio circular (que se repete em todos os pisos), uma elegante escadaria elíptica ainda mantém o elevador de origem (que já teve oferta de compra da parte de estrangeiros!). Na fachada podemos observar barras de azulejos Arte Nova da famosa Fábrica das Devezas.
Vergonhosamente, e em vésperas do centenário da primeira vereação republicana, a CML aprovou a demolição destes imóveis de autor. A sua qualidade aquitectónica e construtiva foram ignoradas apesar da sua protecção estar consagrada na Carta Municipal do Património anexa ao PDM. Estes não são meros prédios de pato-bravo do princípio do séc. XX. São testemunhos do que melhor se fazia na capital da jovem República Portuguesa. São obras de Arquitectura criadas por Ventura Terra.
Mais do que lançar foguetes e tocar a banda, celebrar o centenário da República é salvaguardar testemunhos arquitectónicos notáveis, como este, para as próximas gerações.
Mas será que Lisboa vai passar pela vergonha extrema de assistir à demolição deste conjunto arquitectonico de Ventura Terra na Av. da República e no ano do centenário da República?
Fórum Cidadania Lx
3 comentários:
Ai, ui, olha se era ano tempo do Santana Lopes, a berraria e escandaleira que esta pobre gentinha que agora lá está, incluindo todas as arquitectas de boina, não fariam...
as árvores foram as primeiras a serem "demolidas"... já lá não estão há dezenas de anos. tudo para que os pópós possam andar à vontade na cidade. e por causa dessa mesma bitola, os interiores destes predios vão desaparecer para que se construir parqueamento subterrâneo para os pópós.
Pior, mas muitíssimo pior, é celebrar os 100 anos da República, com a venda e destruição do Hospital Miguel Bombarda, cuja maioria dos Pavilhôes foram edificados pelo PRINCIPAL DIRIGENTE da Revolução, o Prof. Miguel Bombarda.
Lembre-se que este dirigente foi assassinado no Hospital (onde aliás residia)na véspera do 5 de Outubro.
Agora parece que a Estamo e a Câmara de Lisboa, nas costas dos lisboetas, já estão a preparar o PLANO PARA AS DEMOLIÇÕES, para aí ser construído um condomínio de luxo !!!!!
O que faz a Comissão para as Comemorações ????
O que faz a Comissão da Câmara para a classificação dos imóveis LIGADOS à República ?
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